A ação da Vivo sobe 4% hoje — em um dia de queda do Ibovespa — depois que a operadora de telecom reportou resultados robustos que superaram as projeções já otimistas do sellside.
O destaque foi a receita de serviços, que cresceu 7,7% na comparação anual impulsionada principalmente pelos serviços móveis, que tiveram o melhor resultado orgânico dos últimos 10 anos.
Essa vertical cresceu 10,4% — mais de três vezes o IPCA do período.
A receita dos planos pós-pagos (que respondem por 83% dos serviços móveis) aumentou 13,3%, enquanto a dos pré-pagos expandiu apenas 1,6% — em parte por conta da migração de clientes do pré para o pós.
O CEO Christian Gebara conseguiu expandir a receita de serviços de forma 100% orgânica, já que a incorporação dos ativos da Oi aconteceu em abril do ano passado e já havia sido capturada nos resultados do segundo tri de 2022, disseram os analistas do BTG.
A boa performance nos serviços móveis tem sido impulsionada por três fatores: o aumento de preços no segmento pós-pago; a adição de novos clientes nesse segmento; e um churn que atingiu seu menor nível histórico no segundo tri.
O churn dos planos pós-pagos foi de 1%, enquanto o churn do chamado Vivo Total (um combo de vários serviços) ficou em apenas 0,39%.
“Acreditamos que a forte performance dos serviços móveis vai continuar no segundo semestre, dado que as condições de mercado devem continuar racionais e a Vivo deve continuar a performance melhor que os concorrentes na maioria das métricas operacionais,” escreveu o Santander.
O EBITDA da Vivo foi de R$ 5,1 bilhões — uma alta de 11% e 3% acima do consenso dos analistas — e o lucro líquido foi de R$ 1,1 bilhão, uma alta de 50% e 24% superior ao consenso.
O UBS BB também elogiou a geração de caixa, que veio “muito forte” em R$ 2,5 bilhões e foi “uma surpresa positiva por conta de um capex controlado e de uma margem EBITDA acima das nossas estimativas.”
Como a geração de caixa deste ano (R$ 5,6 bi) está muito maior que o lucro (R$ 2 bi), a Vivo planeja aumentar a remuneração dos acionistas por meio de uma redução de capital — o que deve ser positivo para o papel.
A Vivo negocia hoje a 12,4x o lucro estimado para o ano que vem, um prêmio em relação à média das telcos globais (10,9x). Apesar disso, “acreditamos que os fortes resultados da empresa devem ajudar a confirmar seu momentum operacional e a suportar a performance da ação no curto prazo,” escreveram o BTG.
Segundo o banco, o dividend yield atrativo (de 10% para este vs. 7% dos peers americanos) também deve beneficiar a ação. “Por outro lado, a Vivo vai ser afetada pelo fim do juros sobre o capital próprio, então notícias sobre isso podem pesar no papel.”
No segundo tri, a Vivo também reportou um resultado positivo de seus negócios digitais: os serviços financeiros já contribuíram com uma receita líquida de quase R$ 100 milhões, enquanto a venda de serviços de OTT (como os pacotes de streaming) contribuiu com R$ 137 mi.
Os serviços B2B também tiveram uma contribuição relevante para a receita, de R$ 800 milhões.
A receita total no trimestre foi de R$ 12,7 bilhões, com um EBITDA de R$ 5,1 bilhões e um lucro líquido de R$ 1,1 bilhão.
A Vivo agora vale R$ 71 bilhões na B3.