O Grupo Vamos está pagando R$ 120 milhões por seis concessionárias de tratores da marca Valtra no Paraná, reforçando sua aposta no agronegócio.
A aquisição da DHL Tratores eleva de 29 para 35 o número de concessionárias do grupo dedicadas à venda de máquinas agrícolas sob as marcas Valtra e Fendt, que representam quase metade dos 74 pontos de venda da companhia.
A Vamos está pagando R$ 93 milhões pelo equity e assumindo uma dívida líquida de R$ 27 milhões. O pagamento será de R$ 32 milhões à vista, e o saldo em quatro parcelas anuais corrigidas a 90% do CDI.
O negócio adiciona R$ 230 milhões à receita do segmento de concessionárias da Vamos, que fechou o ano passado em R$ 2,77 bilhões e responde por 56% do faturamento da Vamos.
“No segmento de máquinas agrícolas ainda não estávamos presente no Paraná, um estado estratégico com representatividade ímpar no agronegócio,” Gustavo Couto, o CEO da Vamos, disse ao Brazil Journal. “Vamos continuar investindo no agronegócio independentemente de decisões de curto prazo. A área plantada nas nossas áreas de atuação vai dobrar nos próximos cincos e os produtores vão precisar de tratores.”
O Bradesco BBI disse que a aquisição foi atrativa pois saiu a um múltiplo de 3,2x EV/EBITDA, comparado aos 7,5x da Vamos na Bolsa.
A aquisição é a segunda da Vamos no segmento de concessionárias este ano, depois da compra da Tietê Veículos por R$ 331 milhões no início do mês.
O mercado de máquinas agrícolas vive um período promissor. Na semana passada, o BNDES anunciou uma linha de crédito de R$ 2 bilhões, atrelada à variação cambial e destinada a investimentos em máquinas e equipamentos agrícolas.
Adicionalmente, o Ministério da Agricultura vai anunciar nas próximas semanas um valor suplementar de R$ 400 milhões para equalização de juros para financiamentos a investimentos, referentes ao plano safra 2022/23. Pelos cálculos da indústria, os recursos ajudariam a destravar R$ 12 bilhões em financiamentos de máquinas e equipamentos agrícolas.
O momento também é oportuno. Na semana que vem, acontece em Ribeirão Preto a maior feira do agronegócio da América Latina, a Agrishow. No centro das atenções estão exatamente os negócios com tratores, colheitadeiras e outros equipamentos agrícolas.
No ano passado, a feira movimentou R$ 11,2 bilhões em negócios. Os organizadores não falam em expectativas, muito por conta dos juros elevados e do crédito escasso, mas o esperado é que o desempenho deste ano supere o de 2022.
Em junho, o Ministério da Agricultura vai anunciar um novo Plano Safra, e, com ele, recursos novos e recomposição das linhas de financiamento a investimentos.