Num momento de indigestão do mercado de SPACs, a Valor Capital levantou hoje US$ 230 milhões numa oferta ancorada pelo Softbank e que contou com a participação de diversos gestores globais que já investem em seus fundos, segundo investidores e VCs próximos à empresa.
O Valor Latitude Acquisition Corp. começa a negociar amanhã cedo na Nasdaq sob o ticker VLATU.
O veículo vai buscar uma empresa de tecnologia na América Latina, mas o foco deve ser o Brasil, o maior mercado da região e onde a Valor tem sua expertise.
Dado o background do CEO do SPAC — Mario Mello, que foi CEO do PayPal para a América Latina e teve passagens por Visa, Alelo, Bank Boston e ABN AMRO — pessoas próximas à Valor acreditam que o alvo mais provável será uma fintech.
Parceiro de longa data da Valor, o Softbank ancorou a oferta com uma ordem de US$ 30 milhões, o equivalente a 15% da oferta base. Com o greenshoe, a oferta chegou a US$ 230 milhões.
Além do Softbank Latin America Fund ter investido nos fundos da Valor, os dois gestores são sócios em startups como a Olist e a Buser.
Fundada pelo ex-embaixador dos EUA no Brasil, Clifford Sobel, que é também o chairman do SPAC, a Valor investe em startups — do seed round até a Série B — conectando empresas de tecnologia a capital americano e global. O portfólio de investidas inclui empresas como Gympass, Loft, Olist e Merama.
Em tese, o Valor Latitude pode tentar uma fusão até com uma investida da Valor.
Como a gestora tipicamente tem uma participação minoritária — de 5% a 12% — em suas investidas, o estatuto do SPAC não veda um de-SPAC com alguma empresa do portfólio. “Isso até facilitaria o processo, uma vez que a Valor já tem de antemão todas as informações e histórico da companhia,” diz um outro gestor de VC.
Este é o terceiro SPAC de tecnologia para a América Latina, depois do Alpha e do próprio Softbank.
Os coordenadores da oferta foram o Bank of America (líder) e o Barclays.