A Vale anunciou Gustavo Pimenta como seu próximo CEO, optando por um nome interno que vai agradar o mercado e botar fim à incerteza sobre uma intervenção direta do Governo Lula no comando da companhia.

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Pimenta, o atual CFO da companhia, foi eleito por unanimidade pelo conselho ao fim de um processo de seleção conduzido pela Russell Reynolds.

O novo CEO – um executivo com experiência internacional e background nos setores financeiro e de energia — assumirá a Vale em meio a dúvidas sobre a saúde da economia chinesa e o futuro do preço do minério.

Sua primeira missão será colocar a performance operacional da Vale em linha com seus peers globais e retomar sua agenda de crescimento de volume.

Machucada pelas tragédias de Mariana e Brumadinho, nos últimos anos a Vale voltou seus esforços para a reparação das vítimas e novos padrões de segurança, tentando restabelecer suas credenciais ESG.

Mais recentemente, a gestão do atual CEO, Eduardo Bartolomeu, começou a se engajar em uma agenda de eficiência, botando em marcha um grande programa interno de produtividade que o próprio Pimenta está liderando.

O novo CEO também terá que conduzir a Vale em meio aos desafios e oportunidades trazidos pela descarbonização e a transição energética.

No ano passado, Pimenta trabalhou no spinoff da Vale Base Metals – o negócio de cobre e níquel da empresa, os chamados “metais críticos” – e vendeu 13% do capital para investidores sauditas e americanos a um valuation de US$ 26 bilhões. 

Gustavo Pimenta participou do evento Fronteiras da Mineração, realizado pelo Brazil Journal na semana passada.

Agora como CEO, terá que decidir como capitalizar a subsidiária para atingir suas metas de crescimento de volume, incluindo a meta declarada de triplicar a produção de cobre.  Uma dessas avenidas de financiamento, um potencial IPO, recentemente sumiu do discurso público da Vale, que parece mais disposta a investir capital próprio no negócio.

Ao anunciar Pimenta, a Vale antecipou o calendário que havia anunciado em maio, que previa que o nome do novo CEO seria anunciado até o Vale Day marcado para 3 de dezembro.  No mesmo calendário, a empresa diz que o novo CEO deve assumir o cargo “até 1º de janeiro”, sem especificar uma data.

Gustavo Pimenta tem 46 anos, é mineiro de Divinópolis, mas cresceu e começou sua vida profissional em Belo Horizonte.

Depois de uma breve passagem pela KPMG, empregou-se no Citigroup em São Paulo. Em seguida foi transferido para Nova York como banker de M&As proprietários, comprando outros bancos e corretoras para o Citi.

Depois de sete anos no banco, voltou ao Brasil como diretor de planejamento e estratégia da AES Brasil, onde logo se tornou CFO no País e, mais tarde, CFO da região que a AES define como “México, América Central e Caribe.”  

A gigante de energia depois o mandou para Washington DC, onde serviu como CFO global do grupo.  Deixou o grupo depois de 12 anos para se juntar à Vale como CFO em 2021.

Para a Vale, a escolha de um executivo com as credenciais de Pimenta coloca fim às dúvidas se a governança da empresa conseguiria combater as tentativas de intervenção – veladas ou explícitas – do Governo Lula, que muitas vezes parece não entender (ou aceitar) que a Vale foi privatizada 27 anos atrás.

Para o Brasil, a prova de resistência da governança da Vale é uma pequena grande notícia sobre o progresso institucional do País – numa época em que cada vitória precisa ser celebrada.

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