O BTG Pactual e a corretora de seguros do Santander estão comprando uma participação minoritária na CSD BR, uma central de registro e depósito de ativos.
O valor da transação não foi divulgado, e a discrição dos bancos – que fizeram comunicados de duas linhas sobre o assunto – chamou a atenção.
A operação foi vista no mercado como um embrião para um futuro ataque a algumas linhas de produtos que hoje são registrados na B3 – mais precisamente aqueles que eram da antiga Cetip.
A CSD BR começou a operar como registradora de ativos financeiros, derivativos, valores mobiliários e apólices de seguro em 2020. Também atua em ônus e gravames.
Uma fonte do setor diz que a concorrência, mesmo, só deverá vir no longo prazo porque o banco que quiser trocar a B3 por outra registradora de títulos tem que esperar o contrato com a B3 terminar – e os contratos são muito longos, segundo essa fonte. Uma opção seria pagar a multa, normalmente pesada.
“Concorrer com a B3 em um negócio em que ela é relevante e first mover é um terreno árido. Por isso eu acho que com esse investimento os bancos hoje estão dando um recado para a Bolsa de que a conversa de preço vai mudar de tom, mesmo que a longo prazo,” disse uma fonte.
Santander, BTG e a CSD não quiseram comentar.
“Atacar os títulos hoje registrados na Cetip é apenas o plano inicial. Mas os bancos devem manter a discrição por enquanto porque não vão querer briga com a B3 antes da hora”, diz outra fonte.
A CSD BR tem também um produto que chama de “confirmation”, que formaliza o processo de pós-negociação de operações financeiras digitalmente – através da plataforma, é possível pegar todas as assinaturas e enviar para o registro na CSD.
O último dado divulgado pela CSD BR fala em R$ 10 bilhões em estoque depois de um ano de operação, em maio de 2021.
O fundador e CEO da CSD é Edivar Vilela de Queiroz Filho, da família fundadora da Minerva Foods. Por meio de sua LUZ Soluções Financeiras, desde 1999 Edivar desenvolve tecnologias proprietárias e soluções de suporte à decisão e gestão de risco. Dentro do grupo LUZ, também há uma consultoria financeira e um family office.