A Ultrapar anunciou uma mudança profunda em seu conselho de administração, incluindo a saída do chairman Pedro Wongtschowski após 45 anos de empresa e a entrada do CEO Marcos Lutz no colegiado.
A dona dos postos Ipiranga também renovou o mandato de Lutz no comando até abril de 2025 – contrariando a expectativa do mercado de que ele se tornaria chairman com a aposentadoria de Wongtschowski.
A chapa indicada pela administração – que será votada na assembleia de 19 de abril – tem nove integrantes, dois a menos que na composição atual.
Além de Lutz, os quatro novos nomes são Peter Estermann, o ex-CEO do Grupo Pão de Açúcar e da Via; Marcelo Faria de Lima, chairman da Restoque, Francisco de Sá Neto, presidente da Kraft Heinz para a América Latina, e Fábio Venturelli, o CEO da São Martinho.
Continuarão no conselho: Ana Paula Vescovi, a diretora de macroeconomia do Santander Brasil; Flávia Buarque de Almeida, CEO da Península; José Maurício Coelho, ex-CEO da Previ; e Jorge Marques Camargo, ex-CEO do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP).
A entrada de Lutz no conselho já era algo esperada desde seu anúncio como CEO da companhia em setembro de 2021. A ideia, desde aquela época, era preparar Lutz para assumir a posição de chairman.
O foco da Ultrapar continua sendo em aquisições menores que possam representar a criação de novos negócios para a companhia.
No fim do ano passado, a empresa comprou a NEOgás, especializada na compressão e distribuição de gás natural comprimido, e também a Stella, startup de energia solar distribuída.
Além de Wongtschowski, deixam o conselho Frederico Curado, ex-CEO da própria Ultrapar e da Embraer; o cofundador do Pátria Investimentos, Alexandre Saigh; o ex-CEO da Lojas Renner José Galló; José Luiz Alquéres; e Otávio Castello Branco, sócio do Pátria.
A Ultrapar fechou o quarto trimestre com um lucro líquido de R$ 822 milhões, bem acima da expectativa do mercado, mas o valor foi impactado por créditos fiscais extraordinários na Ipiranga e na Ultragaz.
Já a receita líquida – apesar de uma alta de 4% para quase R$ 36 bilhões – veio um pouco abaixo do consenso. O EBITDA ajustado subiu 54% para R$ 1,8 bilhão, mas um R$ 1 bilhão foram de créditos tributários.
O EBITDA recorrente da Ipiranga sofreu no trimestre – queda de 41% ano contra ano e 35% na comparação trimestral. A companhia reconheceu que os preços foram pressionados pela maior oferta de produtos no mercado, perdas em seu estoque e com os maiores custos com créditos fiscais de carbono. Itaú BBA e o Goldman Sachs viram o resultado como negativo.
A ação cai cerca de 2,8% por volta do meio-dia, em linha com uma queda mais ampla do mercado. A Ultrapar vale R$ 14 bi na Bolsa.