O Grupo Ultra acaba de anunciar que Rodrigo Pizzinatto assumirá como CEO em abril, colocando no comando da holding um executivo com 25 anos de casa, os quatro últimos como CFO.
Pizzinatto vai substituir Marcos Lutz, que liderava a empresa desde 2022 e se tornará executive chairman do grupo.
Lutz será o chairman do conselho dos quatro principais negócios da holding: Ipiranga, Ultragaz, Ultracargo e Hidrovias do Brasil.
Três anos atrás, Lutz assumiu como CEO com a missão de liderar um processo de melhoria de resultados e geração de valor — mas desde o início a ideia era que a posição fosse temporária, e a sucessão anunciada hoje vinha sendo desenhada desde então.
A escolha de Pizzinatto é um movimento lógico: nos últimos quatro anos, o executivo liderou três grandes desinvestimentos (a venda da Extrafarma, da Oxiteno e da ConectCar), e depois ficou à frente de transações estratégicas como a compra da participação de 40% da Hidrovias do Brasil e M&As menores dentro da Ultragaz e da Ultracargo.
Para o lugar de Pizzinatto, o Ultra está promovendo Alexandre Palhares, que entrou na empresa há um ano como diretor de planejamento, relações com investidores e tesouraria.
Antes do Ultra, Palhares foi o vice-presidente de finanças da Eurofarma por quatro anos, depois de ter tido passagens pela Embraer e Cosan.
Nascido em Piracicaba, Pizzinatto vem de uma família de empreendedores. Seu pai fundou uma fabricante de aço para a construção civil, que hoje é tocada por seus irmãos.
O executivo fez toda a sua carreira no Grupo Ultra, onde entrou como estagiário em 1999 (o ano do IPO) e passou por diversos cargos na holding e em investidas do grupo.
De 2018 a 2020, ele foi o CEO da Extrafarma, liderando o turnaround da rede de drogarias, que deixou a empresa pronta para ser vendida alguns anos depois para a Pague Menos. Em 2020, voltou para a holding como CFO.
A revisão de portfólio deixou o grupo focado nos melhores negócios e ajudou a reduzir sua alavancagem, deixando o Ultra preparado para um novo ciclo de crescimento.
A companhia tem dito a investidores que daqui por diante deve se posicionar cada vez mais como uma investidora estratégica de longo prazo — buscando crescimento com geração de valor e formando os melhores times para isso.
O grupo hoje tem espaço no balanço para mais crescimento inorgânico.
No terceiro trimestre, a alavancagem fechou abaixo de 1,5x EBITDA, com uma dívida líquida de R$ 7,9 bilhões. “A alavancagem está baixa, mas o grande foco no curto prazo é em executar as transações que foram feitas, principalmente a da Hidrovias,” disse uma fonte da empresa.
Os maiores desafios da Hidrovias são a implementação de seu plano de crescimento, que será financiado com um aumento de capital em andamento; a redução da alavancagem, hoje em cerca de 4x EBITDA; e a implementação do modelo de gestão do Ultra para gerar ganhos de eficiência.