A Gupy acaba de levantar a maior rodada de investimentos da América Latina para uma startup focada em recursos humanos: um cheque de R$ 500 milhões do Softbank, Riverwood e Endeavor Catalyst.
A capitalização vai financiar os planos da fundadora Mariana Dias de consolidar o setor de ‘HR tech’ no Brasil com aquisições, tanto de concorrentes quanto de soluções complementares que permitam cross-selling.
Fundada em 2015, a Gupy nasceu como uma plataforma de automação de recrutamento de funcionários chamada Gupy Recrutamento — um mercado conhecido nos EUA como applicant tracking system (ATS).
O software organiza toda a jornada de contratação, desde o anúncio da vaga até a primeira filtragem dos currículos, passando por toda a gestão do processo seletivo.
Hoje, essa solução já é usada por mais de 1.500 empresas, incluindo nomes como Santander, Ambev e Renner. O valor da assinatura varia de acordo com o número de contratações que o cliente pretende fazer pela plataforma.
Depois de passar cinco anos operando apenas com essa solução, em 2020 a startup lançou o Gupy Admissão, que automatiza o processo de onboarding dos novos funcionários, incluindo o envio e análise digital de toda a papelada. O novo produto respondeu a uma demanda dos clientes na pandemia e já é usado por cerca de 20% da base.
No ano passado, a Gupy introduziu mais uma solução ao comprar a Niduu, uma startup especializada em treinamentos corporativos e requalificação de funcionários.
“Com essa rodada queremos consolidar esse ecossistema de RH no Brasil, até porque o usuário pede isso,” Mariana disse ao Brazil Journal. “Existem muitas pequenas soluções separadas, mas eles querem um único prestador que consiga integrar tudo numa jornada única, com inteligência artificial e dados que gerem valor.”
Para isso, a Gupy vai desenvolver alguns produtos in house e já está em conversas com startups que oferecem soluções complementares para potenciais M&As.
A Gupy vem dobrando sua receita todo ano. A empresa tem um churn de menos de 1% e um net retention rate — o indicador que mede a evolução do tíquete médio em empresas de SaaS — de 120%. Em outras palavras: se um cliente gastou R$ 100 em um ano, no ano seguinte, esse valor subiu para R$ 120.
No Brasil, a Gupy é uma das poucas startups operando em toda a jornada de contratação, ainda que existam várias com soluções para etapas do processo.
Ao contrário do que possa parecer, plataformas como o LinkedIn e a Catho não competem com a Gupy — inclusive, a startup integra essas soluções no seu software proprietário, permitindo que o cliente divulgue as vagas por lá também .
Nos EUA, o mercado de automação para o RH já é bem mais maduro, com empresas relevantes atuando nesse nicho. A Workday, que faz mais ou menos a mesma coisa que a Gupy, já vale mais de US$ 40 bilhões na Bolsa. A empresa já opera no Brasil, mas tem um share ainda pequeno.
A rodada de hoje é exponencialmente maior do que tudo que a Gupy já captou até agora.
Em sua primeira rodada, em 2017, a startup levantou R$ 1,5 milhão com o Canary e Yellow Ventures. Em sua segunda rodada, em 2019, outros R$ 11 milhões com a Valor Capital e Maya Capital; na terceira, em maio de 2020, captou mais R$ 40 milhões com a Oria Capital.