A compra do Credit Suisse pelo UBS vai transformar o banco suíço numa ‘powerhouse’ de gestão de recursos, com mais de 60% do lucro antes de impostos da companhia vindo dessa vertical, ou cerca de US$ 7 bilhões por ano.

Essa é a análise do JP Morgan, que divulgou um relatório esta semana destrinchando a estrutura da nova empresa pós-transação.

Segundo o JP, o UBS terá o melhor mix de ativos sob gestão da indústria, com uma parcela relevante dos clientes ‘ultra-high’ — tipicamente, no Brasil, aqueles com mais de R$ 100 milhões.

A estimativa do JP é que o negócio combinado consiga atrair cerca de US$ 150 bilhões em net new money por ano no longo prazo. Isso seria “o equivalente a criar um novo Julius Baer em ativos sob gestão a cada três anos,” escreveu o analista Kian Abouhossein.

Para o analista, ainda que no curto prazo existam diversas ‘moving parts’ na transação, extremamente complexa, no médio e longo prazos ela deve preservar e aprimorar a vertical de wealth management do UBS. 

“Após a aquisição, vemos a nova companhia se tornando um dos modelos de negócios mais atrativos do setor bancário mundial, com 60% do EBT vindo do wealth management e apenas 10% do investment banking,” escreveu o JP.

O analista disse que o Credit Suisse tinha ativos invejáveis, particularmente na vertical de wealth management, além de um banco suíço estável e um negócio de asset management bom. “No entanto, tem havido destruição de valor no IB ao longo dos últimos 11-12 anos.”

O analista também elogiou o management da companhia, liderado pelo chairman Colm Kelleher, que está no cargo desde abril do ano passado, e o novo CEO Sergio Ermotti, que trabalhou décadas no UBS.

“Eles trazem um track record comprovado que deve ajudar na execução da aquisição,” diz o relatório.

Ermotti, por exemplo, foi o responsável por fazer o turnaround bem sucedido da vertical de investment banking do UBS em 2012, bem como por posicionar o banco como líder em wealth management. 

“Vemos o Ermotti como uma peça chave nas negociações com as diferentes agências regulatórias globais e autoridades suíças. Também valorizamos seu conhecimento amplo do IB, já que isso vai ser fundamental para uma reestruturação de sucesso.”