O UBS está fazendo um investimento minoritário na YVY, a gestora fundada pelo ex-presidente do BNDES Gustavo Montezano e o ex-ministro da Economia Paulo Guedes para investir em teses ligadas à transição para uma economia de baixo carbono.
O valor do aporte não foi revelado, mas o UBS disse que o investimento é 100% primário e será usado para desenvolver o plano de negócios da gestora ao longo dos próximos anos.
A YVY foi fundada em 2023, depois de Montezano e Guedes deixarem o Governo, e hoje tem apenas R$ 300 milhões em ativos sob gestão. Os recursos estão em um só produto — um club deal que a gestora levantou no ano passado para investir na agtech Solinftec, que usa dados e IA para aumentar a produtividade e reduzir as emissões no campo.
A YVY, no entanto, já está trabalhando na captação de uma estratégia de crédito para infraestrutura, com foco em project finance. A meta é levantar cerca de R$ 1 bilhão com essa estratégia por meio de diferentes veículos, incluindo um fundo perpétuo listado na Bolsa.
Outra frente de captação para este ano será uma estratégia que a gestora chama de Climate Solutions — basicamente, investimentos em equity de empresas que se beneficiam da transição climática, ou em dívidas conversíveis em ações.
A meta de longo prazo da YVY é criar um portfólio multiestratégia, com fundos de equity, dívida e híbridos que ofereçam o melhor risco-retorno possível, mas sempre focados no tema da transição.
Para o UBS, o investimento marca sua primeira aposta numa gestora no Brasil desde a fusão com o Credit Suisse.
“Temos uma longa tradição de identificar e investir em gestoras que compartilham da nossa visão e que tem capacidade para desenhar e oferecer produtos inovadores e de alto valor agregado,” Marcello Chilov, o head de global wealth management para a América Latina do UBS, disse ao Brazil Journal.
O aporte do UBS na YVY é 100% com capital proprietário do banco e não inclui nenhum acordo de seed money para os novos fundos da gestora — o que será avaliado caso a caso.
A YVY tem “um time muito bom, com pessoas com experiências relevantes e muita capacidade de originação de investimentos,” disse Victor Schmutzler, o head de private markets do UBS na América Latina. “Além disso, a tese é muito interessante, já que são mercados onde o Brasil tem uma clara vantagem competitiva.”
Victor disse ainda que o UBS já tinha produtos alternativos na prateleira — de private equity, crédito e infraestrutura — mas que a YVY traz diferenciais. “Eles têm uma clareza muito grande dos setores, tendências e das empresas que vão se beneficiar dessa agenda de transição,” disse o executivo.
As conversas entre as duas casas começaram há cerca de um ano e a negociação foi sempre bilateral; a YVY não abriu uma concorrência.
O UBS já tinha uma relação prévia com a YVY porque o banco foi um dos dois distribuidores do primeiro club deal da gestora.
Nos próximos fundos da YVY, o banco também poderá atuar na distribuição e terá um certo nível de preferência, mas não há acordo de exclusividade.
O mercado estima que o UBS tenha cerca de US$ 270 bilhões em ativos sob gestão em seu wealth na América Latina.