Os ativos da Argentina tiveram um dia de forte recuperação ontem, graças à bóia de socorro lançada pelo Governo Trump.
O ETF da Bolsa portenha em dólares subiu 7%, e os títulos soberanos do país tiveram altas superiores a 20%.
“A Argentina é um aliado sistemicamente importante dos EUA na América Latina, e o Tesouro está pronto para fazer o que for necessário dentro de seu mandato para apoiar o país,” Scott Bessent, o secretário americano do Tesouro, disse em um post no X. “Todas as opções de estabilização estão sobre a mesa.”
Bessent afirmou que “opções” podem envolver linhas de swaps, compra direta de moedas e aquisição de títulos denominados em dólares do fundo de estabilização cambial.
“As oportunidades para investimentos privados continuam amplas, and Argentina will be great again,” declarou o Secretário.
Hoje, o presidente Javier Milei terá uma reunião com Trump e Bessent em Nova York, na qual devem ser anunciados mais detalhes do apoio da Casa Branca.
“Continuamos confiantes de que o apoio do Presidente Milei à disciplina fiscal e às reformas pró-crescimento é necessário para quebrar o longo histórico de declínio da Argentina,” disse Bessent.
Mas os investidores começaram a questionar a sustentabilidade do plano de Milei depois de o Presidente ter sofrido uma dura derrota na eleição provincial de Buenos Aires no início do mês.
Em outubro haverá eleições legislativas nacionais, e uma nova derrota do Governo pode colocar em risco a agenda de reformas e ajuste fiscal.
O Banco Central da Argentina vem fazendo pesadas intervenções no mercado para defender a banda cambial. Problema: as reservas internacionais líquidas continuam no vermelho, o que deixa o país vulnerável a ataques especulativos e crises de confiança.
A dinâmica faz lembrar o Brasil da virada de 1998 para 1999, quando ruiu o controle cambial e teve início a flutuação.
Apesar da recuperação de hoje, os títulos externos com vencimento em 2035 estão mais de 15% abaixo das máximas recentes, antes da votação em Buenos Aires.
O ETF ARGT, que mede a oscilação em dólares das principais empresas argentinas, acumula queda de 10% no ano. Desde o pico de maio, o tombo é de quase 20%.
No mercado de Buenos Aires, o peso recuperou valor ante o dólar. Ajudou para isso a suspensão temporária das retenciones – as tarifas de exportação sobre os grãos que o país vinha cobrando desde 2008 por conta da crise fiscal.