Depois de notarmos aqui ontem que as eólicas offshore estão entre as fontes de energia renováveis mais caras, a Petrobras veio a público reiterar que os estudos para os projetos de 14,5 GW estão ainda “em fase de viabilidade.”

Mas no Citi, o analista Antonio Junqueira já enumerou três motivos pelos quais a Petrobras deveria passar longe do setor. 

“Ainda que não haja nenhum mal em estudar novos empreendimentos, vamos aproveitar a oportunidade para antecipar os estudos da Petrobras e recomendar: não invista em eólicas offshore!”, escreveu o analista num relatório a clientes agora à tarde.

Abaixo, os três motivos:

1. O Brasil não precisa (nem hoje, nem no futuro próximo) de eólicas offshore.

O Citi nota que a percepção de excesso de capacidade na matriz energética brasileira é altamente influenciada pela hidrologia recente. 

“Portanto, não vamos correr o risco de dizer que o Brasil não precisa de capacidade extra em renováveis,” escreveu o banco. “Hoje parece que não precisa e que construir novas plantas é uma má ideia. Os estudos, no entanto, demoram para ficar prontos e os investimentos podem levar um tempo para começar. Então, quando as plantas estiverem prontas, o país pode não ter uma percepção de excesso de capacidade tão grande quanto hoje.”

“Dito isso, o Brasil não precisa de eólicas offshore.”

Segundo o Citi, há diversas fontes de energia muito mais baratas para serem construídas no País — incluindo as eólicas onshore, que ainda estão longe de atingir seu potencial máximo. 

A energia solar, diz o banco, é outra fonte de energia muito mais barata (e previsível) que poderia ser o foco de qualquer um querendo fazer a transição energética. 

“É altamente improvável que as eólicas offshore provem ser algo que o País precisa. Parece uma má alocação de capital. As eólicas offshore não podem ser as refinarias do momento.”

2. As eólicas offshore podem demandar vastos subsídios para serem viáveis e o País não deveria pagar por isso. 

Junqueira diz que as eólicas offshore — se construídas — vão demandar uma capacidade de transmissão muito cara. “O capex para construir isso seria, naturalmente, muito maior que o das eólicas onshore,” escreveu o analista. “Uma forma de tornar isso viável seria criar um novo programa como o Proinfra.” 

Mas nesse caso o Brasil deveria se perguntar: por que o País criaria subsídios para tornar essa fonte de energia viável? O País já construiu toda a capacidade solar e de eólicas onshore que pode? Não. 

Estamos ficando sem eletricidade? Não.

“Não há bons motivos para o Tesouro (ou os consumidores de energia) financiarem essa iniciativa.”

3. Há formas muito mais baratas de fazer a transição energética, inclusive comprando companhias de renováveis.

“Se o foco da Petrobras é se tornar ‘verde’ e atingir uma capacidade de geração específica, por que não comprar plataformas de renováveis, como muitas major oils fizeram? A Omega, por exemplo, negocia muito perto de seu custo de reposição (de eólicas onshore). É muito mais barato e menos arriscado se tornar ‘verde’ via M&As.”