O TradersClub — a plataforma voltada a investidores de varejo cuja face mais pública é o trader Rafael Ferri — acaba de levantar R$ 72 milhões por meio de debêntures conversíveis num momento em que a migração massiva de CPFs para a Bolsa coloca o negócio num ‘sweet spot’ de crescimento e rentabilidade.

A rodada — a primeira desde que o TC foi fundado em 2016 por Ferri, Pedro Albuquerque e Israel Massa — foi mostrada no ano passado a investidores institucionais pelo UBS, mas não houve acordo.

No final, o TC se capitalizou junto a pessoas físicas.

Cerca de 50 investidores pessoa física participaram da rodada, incluindo Edison Ticle, o CFO da Minerva Foods e conselheiro dos grupos Soma e Aeris; Diego Roberte, o fundador do PicPay que vendeu a startup ao Banco Original; e Alexandre Sabanai, sócio da Perfin.

Boa parte dos recursos já está sendo usado. O TC deve fechar amanhã a compra da Sencon, uma plataforma que ajuda investidores em Bolsa a calcular seu imposto de renda, emitir DARFs e consolidar suas carteiras.

A Sencon tem 135 mil usuários, que gastam em média R$ 250 por ano na plataforma. Ano passado, a receita foi de cerca de R$ 15 milhões e a expectativa é fechar este ano em R$ 25 mi.

O TC está pagando R$ 95 milhões pela empresa — metade em dinheiro, metade em ações.

O objetivo da aquisição é enriquecer a oferta de produtos do TC, que oferece quatro pacotes de assinatura — do Mover, a mais básica e que custa R$ 79,9 por mês, até o Private, que custa R$ 8 mil.

A Sencon será oferecida na plataforma sem custo extra para os clientes Private e Premium. Os outros assinantes poderão contratar o serviço pagando um adicional.

O TC tem 500 mil usuários cadastrados, dos quais 150 mil são pagantes.

Albuquerque disse ao Brazil Journal que o TC multiplicou sua receita por 7x ano passado e espera triplicar este ano. O churn do plano Master está ao redor de 25%.

A movimentação do TC vem num momento de efervescência no mercado de conteúdo voltado a investimentos, com milhões de brasileiros tentando se adaptar à Selic baixa abraçando cursos, dicas e gurus.

Ontem, o Grupo Exame, controlado pelo BTG Pactual, comprou 35% da Atom Capital, cuja receita vem de cursos de day trading. Mais tarde, quando um day trader se prova, a Atom disponibiliza capital proprietário para ele operar em troca de um ‘cut’ do resultado.

Há um mês, a Dynamo comprou 10% da Valemobi, a dona do aplicativo Trademap.