“84” é o número da sorte para a Track & Field.

A varejista de vestuário e artigos esportivos disse que tanto as vendas quanto o lucro líquido do segundo trimestre aumentaram 84% em relação ao mesmo tri de 2019, o ano antes da pandemia.

11620 6f2a5556 b718 4884 098c 7b029fffb274A receita líquida do trimestre foi de R$ 94,4 milhões, o EBTIDA de R$ 17,8 mi, e o lucro líquido ajustado, R$ 13,9 milhões.

Em parte, os resultados são um reflexo das mudanças de hábito dos consumidores, que passaram a usar mais roupas confortáveis na pandemia e a se preocupar em ter uma vida saudável.

Mas os números também refletem as iniciativas digitais adotadas pelo CEO Fred Wagner para manter o negócio rodando quando as lojas estavam fechadas — iniciativas que aumentaram a pegada digital da Track&Field. 

Com as lojas fechadas, a varejista começou a vender pelo Whatsapp, e a moda pegou. No segundo tri, mesmo com as lojas voltando ao normal, essas vendas — chamadas de social selling — responderam por 33% de todo o faturamento. O ecommerce respondeu por outros 6%.

A Track&Field também integrou mais de 200 de suas 268 lojas com o ecommerce, permitindo que as vendas saíssem desses pontos de venda, um modelo conhecido como ship from store.  

“Isso aumentou o número de SKUs disponíveis no ecommerce e fez com que a entrega ficasse mais rápida, porque o sistema direciona a venda para a loja mais perto da casa do consumidor,” Fred disse ao Brazil Journal.

A Track&Field agora está focando em uma nova estratégia para alavancar as vendas. A empresa está construindo uma espécie de marketplace de treinadores, onde os personal trainers podem divulgar suas aulas (online ou presenciais) e cobrar por elas, recebendo os pagamentos numa carteira digital. 

A Track&Field não cobra nenhum take rate, mas a plataforma ajuda a manter a base de clientes engajada.  

A TFSports já tem 227 mil usuários cadastrados e 500 treinadores. De março do ano passado até agora, 120 mil pessoas se inscreveram em alguma das aulas.

Agora, a Track&Field quer transformar esse exército de treinadores em revendedores. A empresa está rodando um piloto em algumas cidades e prepara o rollout comercial para 2022. 

No modelo, o treinador pode criar um carrinho de compras com os produtos que recomenda e compartilhar o link com seus alunos, ou comprar os produtos de algum franqueado e revender com uma pequena margem. 

“Já temos uma capilaridade muito grande em todo o Brasil, com lojas em cidades pequenas, de 100 mil habitantes. Mas essa estratégia vai permitir penetrar em lugares ainda menores,” disse o CEO. 

A Track&Field tem 268 lojas, das quais 31 são próprias. A varejista abriu 35 novas franquias ano passado e espera acelerar a abertura de lojas este ano. 

Fred disse que a Track&Field tem focado sua expansão de portfólio em sete categorias esportivas que a empresa enxerga como core, incluindo corrida, natação, beach tennis (a nova febre das praias de São Paulo), esportes aquáticos e ciclismo.

Desde o IPO — que injetou R$ 180 milhões no caixa da empresa — a ação da Track&Field subiu 78%. 

Além dos três fundadores — Fred, Ricardo Rosset e Alberto Azevedo — os maiores acionistas da Track&Field incluem a Brasil Capital, com cerca de 10% da empresa, além do Safra Asset Management, VELT Partners, Safari e Equitas. 

A empresa vale R$ 2,5 bi na B3.