Com o tema ESG se tornando um imperativo entre as empresas, é cada vez mais difícil discernir entre o que é verdadeiro e o chamado ‘greenwashing’ — o popular papo furado. 

Pesquisadores da University College Dublin, na Irlanda, decidiram criar o projeto GreenWatch, que usa algoritmos e inteligência artificial para detectar e quantificar o que não é totalmente verdadeiro no discurso das companhias em relação à pegada ambiental.

O GreenWatch analisa afirmações sobre sustentabilidade feitas por 700 empresas globais e as compara com o desempenho e atividades das companhias — por exemplo, checando se a empresa está mesmo reduzindo suas emissões de CO2 em 7% ao ano para conseguir zerar sua pegada até 2050, segundo a Bloomberg.

O grupo também analisa o que as empresas dizem sobre a mudança climática: se elas simplesmente concordam que é preciso lidar com o aquecimento global ou… se se intitulam “líderes” no assunto — é aí que normalmente mora o perigo, segundo o projeto.

O grupo ranqueia as empresas de acordo com o nível de veracidade de suas afirmações sobre sustentabilidade. São usadas categorias como “líderes verdes”, “campeões verdes escondidos”, “gradualmente verdes”, e potenciais ou prováveis greenwashers. 

Os primeiros achados do projeto, segundo a Bloomberg, mostram que há uma alta probabilidade de greenwashing em 95% das afirmações feitas por empresas de telecom e mídia. Por outro lado, esse percentual cai para menos da metade para afirmações feitas por companhias do setor de energia.

Na divisão por países, a mais alta probabilidade de greenwashing ocorre entre as empresas japonesas (84%), seguidas pelas americanas (75%), segundo o GreenWatch.

“As empresas estão disparando uma história atrás da outra. Se ninguém checá-las, elas podem dizer o que quiserem. E como sustentabilidade é um termo muito amplo, é fácil para as empresas criarem uma história que desvia a atenção das questões reais”, disse à Bloomberg Andreas Hoepner, professor de economia na University College Dublin que comanda o projeto.