A Light está prestes a apresentar seu plano de recuperação judicial, propondo seis alternativas aos credores que, potencialmente, poderiam reduzir a dívida da empresa em cerca de R$ 6 bilhões.
A Light pediu sua RJ na holding, a Light S.A., que foi estendida para suas duas empresas operacionais: a Light SESA, a distribuidora do Rio que tem uma dívida de R$ 9 bilhões; e a Light Energia, a geradora de energia que tem uma dívida de R$ 1,8 bi.
No plano do CEO Octavio Pereira Lopes, a companhia desenhou opções que dialogam com cada perfil de credor — divididas em dois grandes blocos.
O primeiro bloco, que engloba quatro das seis alternativas, garante o pagamento do valor integral — mas com o alongamento da dívida. Já o segundo prevê um haircut que vai de 20% a 60%
A primeira das alternativas foi desenhada para os pequenos credores, que têm até R$ 10 mil em debêntures da companhia.
Para esses debenturistas — cerca de 25 mil de um total de 40 mil — a Light está propondo pagar o valor integral à vista, o que representaria um desembolso de cerca de R$ 150 milhões para a empresa.
A segunda opção é a conversão da dívida em ações da Light a um preço ainda a ser definido. A empresa limitou essa opção para até R$ 3 bilhões — o que, no preço de tela, geraria uma diluição de cerca de 40% aos atuais acionistas.
Outra alternativa — feita para o que a Light chamou de “credores parceiros da Light Energia” (a geradora) — seria o recebimento integral da dívida com a emissão de uma nova debênture que teria vencimento em cinco anos, alongando a dívida atual em dois anos.
Para isso, no entanto, esses credores têm que apoiar o plano da empresa de separar a Light Energia da Light S.A., transferindo parte do caixa da geradora para a holding (R$ 500 milhões de um total de R$ 800 mi).
Já para o que ela chamou dos “credores parceiros da Light SESA”, foi proposto que, para cada R$ 1,2 que esses credores investirem num FIDC da empresa (um crédito extraconcursal com garantia de recebíveis), R$ 1 do crédito seria recebido integralmente por meio da emissão de uma nova debênture com prazo de 15 anos.
Caso a adesão a esta opção atinja o limite máximo de R$ 1,25 bi da dívida, esse FIDC levantaria cerca de R$ 1,5 bilhão.
No segundo bloco, a Light propôs duas alternativas. A primeira é o recebimento do valor à vista, mas com um haircut a ser definido por um leilão reverso, com um desconto mínimo exigido pela empresa de 60%.
Essa opção seria bancada com os recursos captados pelo FIDC e estaria limitada a R$ 3 bi da dívida, demandando R$ 1,2 bi do FIDC. (O restante do valor captado pelo FIDC seria usado para o capital de giro da distribuidora).
A segunda alternativa seria receber o valor com um desconto de 20%, mas parcelado em 15 anos e corrigido pelo IPCA.
O plano de RJ inclui ainda uma capitalização de R$ 700 milhões que seria feita pela Light S.A. na Light SESA. (A holding já tem algum caixa e, pelo plano, receberá mais R$ 500 milhões da Light Energia).
A Light tem mais de 40 mil debenturistas, 250 fundos de investimento e 10 instituições financeiras como credores. Para que o plano seja aprovado, é preciso que 50% mais 1 do total da dívida vote a favor.
O plano, no entanto, ainda pode passar por ajustes, dado que a Light ainda vai conversar com os credores para receber feedback.
Dos R$ 10,8 bi em dívida, cerca de R$ 3 bi são de bondholders, que estão sendo representados pela Moelis e pelo Pinheiro Neto e que estão com uma postura mais construtiva em relação à RJ.
Há, no entanto, outro R$ 1 bi de credores que a empresa tem chamado de ‘belicosos’ — os fundos que tem sido mais vocais contra a RJ — e que são representados pelo Lefosse Advogados.