Donald TrumpEnquanto a América vai ser ‘great again’,  o Grande Empobrecimento Brasileiro pode estar apenas começando.

A perspectiva de que Donald Trump injete estímulo fiscal na economia dos EUA e permita (ou force) o Federal Reserve a subir os juros está fazendo o dólar explodir (alta de 5% para R$3,37), causando uma rotação global por parte dos investidores e destruindo o valor de diversas empresas brasileiras.

A dor está bem distribuída:  companhias que dependem do mercado doméstico —consumo, incorporadoras, shopping centers — estão despencando na Bovespa, enquanto os poucos ganhadores são as empresas ligadas ao setor exportador.

Tudo que é doméstico e sensível a juros está sendo jogado pela janela em troca de tudo que se beneficia de um dólar mais forte, e de uma economia americana mais forte.

O caso mais clássico:  Gerdau, que ontem subiu 6,4%, hoje sobe mais 10%. (Além do câmbio mais fraco, que encarece as importações de aço e aumenta o poder da empresa, a Gerdau tem uma grande operação nos EUA, que se beneficiará se Trump cumprir sua promessa de renovar toda a infraestrutura do País.) A Fibria Celulose dispara 9%.

“Acabou a era do juro zero,” diz um gestor.  “Com os Republicanos com o controle da Câmara, do Senado e da Casa Branca, eles vão dar um mega empurrão fiscal, e o Fed não vai mais manter o juro a zero.”

Empresas que lideraram a performance no último ano — como Lojas Americanas, Rumo e Sabesp — estão sendo liquidadas.

Além de fortalecer o dólar contra todas as moedas,  os juros mais altos nos EUA colocam pressão no custo do dinheiro em todo o mundo.

Na BM&F, o juro pré-fixado para janeiro de 2025 abriu 60 pontos-base; o janeiro de 2021 abriu 50 pontos-base.

“Daqui a dois anos, o mundo vai estar melhor e o Brasil pior relativamente,” diz um outro gestor. “O Trump vai ser bom para o mundo e ruim para o Brasil.”

O movimento de hoje acontece enquanto o Dow Jones e o S&P batem novos recordes.

Quer ver o copo meio cheio?  Agora o Congresso brasileiro talvez encontre um novo senso de urgência para fazer as reformas, e o mimimi talvez diminua.
Nada como um baita choque externo para forçar o Brasil a fazer o mínimo.