Depois de quase dois anos melhorando a rentabilidade do negócio, a Technos está começando a pisar no acelerador das vendas e a ganhar share pela primeira vez nos últimos anos.
A fabricante de relógios dona de marcas como Technos, Mormaii e Dumont viu sua receita líquida crescer 43% no primeiro trimestre, em comparação a uma alta de 39% no mercado de relógios tradicionais (excluindo os smartwatches).
A Technos fez uma receita líquida de R$ 62 milhões e EBITDA de R$ 8,2 milhões — 6x mais que no primeiro tri do ano passado.
A margem bruta também teve um avanço significativo no período, ganhando 2,4 pontos percentuais para 51,3%.
O CEO Joaquim Ribeiro disse ao Brazil Journal que o avanço da margem é fruto de dois trabalhos que a empresa fez nos últimos anos.
O primeiro foi na frente de produtos. A Technos reduziu as vendas promocionais e renegociou contratos com fornecedores, reduzindo os custos de fabricação ao mesmo tempo em que focava em produtos mais premium, que têm margem maior.
A segunda frente foi a redução do SG&A. Durante a pandemia, a Technos cortou 40% de seu quadro de funcionários e manteve essa estrutura mesmo com a retomada.
“Agora, estamos voltando a vender em patamares iguais aos de antes da pandemia, mas com uma estrutura muito mais enxuta, eficiente e ágil,” disse o CEO.
Segundo ele, a agenda da Technos para este ano é seguir essa mesma dinâmica: acelerar as vendas e ganhar share, preservando os ganhos de rentabilidade que conquistou na pandemia.
Apesar da melhora na margem bruta e EBITDA, a Technos ainda teve um prejuízo de R$ 5,1 milhões no trimestre, em grande parte graças a perdas com hedge cambial.
Como boa parte dos custos da companhia são em dólar, a empresa sempre faz hedge para suavizar as oscilações do câmbio. Com a queda do dólar de R$ 5,70 para R$ 4,80 no primeiro tri, a empresa teve perdas com essa operação, o que impactou o bottom line.
“Foi um efeito extraordinário e que não nos deixa preocupados,” disse o CEO. “Nos últimos doze meses, ainda estamos com um lucro de R$ 27 milhões.”
A Technos também acaba de anunciar um novo programa de recompra de até 7,6 milhões de ações — o equivalente a 10% do free float. A empresa acabou de concluir um programa de recompra de 4,3 milhões, e disse hoje que cancelou 2 milhões de ações que estavam na tesouraria.
Segundo Joaquim, a Technos quer aproveitar o momento de mercado ruim para recomprar ações e usar parte delas para fazer frente aos planos de opções de ações que tem com seus executivos — evitando a diluição dos acionistas.
Hoje, mais de 40% do capital da Technos já está nas mãos da administração. Outro acionista relevante é o investidor francês Aymeric Chaumet, que chegou a 15% do capital em janeiro.
Com o resultado de hoje, a Technos negocia a 3x o EBITDA dos últimos doze meses e a 7x o lucro no mesmo período.
A empresa vale R$ 160 milhões na Bolsa e tem uma dívida líquida de R$ 42 milhões.