NOVA YORK – Tarcísio de Freitas dificilmente admitiria, mas está falando como um presidenciável.
Num evento promovido pelo Citi, o governador de São Paulo disse que a agenda para o Brasil é clara.
“A preocupação comum é a situação fiscal, e sabemos exatamente o que fazer,” disse para uma plateia formada por cerca de 50 CEOs e executivos de grandes empresas brasileiras, além de investidores.
Um dos presentes disse que foi a primeira vez em que o ouviu falar tanto sobre planos para o País. “Mais do que isso seria deselegante.”
Tarcísio listou suas prioridades nacionais: uma reforma orçamentária que desvincule receitas e despesas para liberar recursos para investimentos; a desindexação do salário mínimo; mais privatizações; e a revisão de benefícios fiscais.
Também defendeu que os programas sociais sejam reformulados para incluir uma “porta de saída” para os beneficiários. “O custo precisa ser decrescente. Existem bons exemplos disso em outros países.”
Sobre a receptividade do Congresso a essas propostas, o governador disse que é preciso dar crédito ao Parlamento que, nos últimos anos, aprovou as reformas trabalhista, tributária e previdenciária, além de projetos como o marco do saneamento e a autonomia do Banco Central.
“Não tem a ver com pessoas, mas com projetos.”
Tarcísio também citou a reorganização fiscal e administrativa de São Paulo – e as iniciativas de atração de investimentos – como exemplos do que pode ser feito em escala nacional.
“Tínhamos uma meta de R$ 220 bilhões em investimentos com a iniciativa privada. Já contratamos R$ 350 bilhões.”
Para ele, o novo cenário geopolítico é uma “tremenda oportunidade para o Brasil”. “Basta mexer algumas alavancas, não é difícil.”
Para provar o ponto, deu o exemplo da Argentina. “A situação lá era pior. Mas souberam comunicar, tocaram a agenda. Ou seja, é possível.”
A plateia adorou. “Ele tem um plano, falou pelo Brasil,” disse um investidor. “E já provou que sabe executar,” disse outro.
Faltou falar sobre segurança pública – uma derrota em nível estadual e nacional.
Em conversas paralelas, executivos comentavam que alguns governadores seriam bons candidatos da oposição – além de Tarcísio, Ratinho Júnior e Eduardo Leite.
“Mas é preciso haver uma definição, e rápido, porque existe muita ansiedade em torno do cenário eleitoral,” disse um deles.