Os provedores regionais de internet Vero e Americanet acabam de anunciar uma fusão de suas operações, o primeiro evento de um movimento de consolidação do setor, dominado por empresas médias. 

Com o negócio, a nova companhia terá receita de R$ 1,7 bilhão e mais de 1,4 milhão de assinantes de banda larga fixa em 450 cidades – o mesmo número da Alloha Fibra, controlada pela eB Capital e até agora a líder isolada entre os provedores regionais.

A negociação entre as empresas foi iniciada no fim do ano passado. A nova companhia estima sinergias entre R$ 150 milhões e R$ 200 milhões por ano, a serem obtidas a partir de 2025. 

O nome da nova companhia ainda não foi definido. 

A fusão envolve uma troca de ações. Cerca de 56% da companhia ficarão com os acionistas da Vero, liderados por fundos de private equity da Vinci Partners.

Os outros 44% serão divididos entre os investidores da Americanet – fundos geridos pela Warburg Pincus e Invest Tech, além do fundador e CEO Lincoln Oliveira.

Lincoln passará à presidência do conselho, enquanto o CEO da Vero, Fabiano Ferreira, vai comandar a empresa combinada. 

“Essa integração é a soma de 48 M&As e vamos continuar com o crescimento acelerado,” Fabiano disse ao Brazil Journal

O negócio precisa de aprovação da Anatel e do CADE.

Segundo os executivos, o negócio faz sentido por não haver sobreposição de cidades entre as empresas. Enquanto a Vero é forte no interior de Minas Gerais e nas regiões Sul e Centro-Oeste, a Americanet tem em São Paulo a sua principal base.

As sinergias também virão do cross sell. Enquanto a Vero hoje oferece apenas banda larga, a Americanet possui também uma operadora móvel virtual (MVNO, na sigla em inglês) e TV por assinatura. 

“Temos um caminho enorme para aumentar o tíquete-médio,” disse Lincoln. “Em cidades como Poá [na região metropolitana de São Paulo], 42% dos nossos clientes possuem chips de celular além da internet, o que aumenta a receita e diminui o churn.

Até por esses negócios, os executivos dizem que a nova empresa nasce como a maior dentre as regionais: apesar de ter 1,4 milhão de assinantes em banda larga, a empresa possui 1,9 milhões de clientes na soma de todos os outros produtos.

O apetite por aquisições e crescimento continuará, segundo Fabiano. A empresa acredita que seu nível de alavancagem – cerca de 3x – ainda é saudável para uma empresa de crescimento.

Porém, outras opções já estão na mesa para diminuir a alavancagem, como um potencial IPO. 

“Temos muitas avenidas de oportunidade para financiar o crescimento. Como já temos o registro de companhia aberta, caso a janela se abra para IPOs, como se abriu para follow-ons, esse pode ser um caminho,” disse Fabiano. 

Em abril, a Vero emitiu R$ 375 milhões em debêntures incentivadas e ainda tem autorização para captar mais R$ 700 milhões. No mesmo mês, a Americanet recebeu um novo aporte de seus principais acionistas.

Segundo Fabiano, o timing da transação será decisivo na geração de valor.

“Eu sempre acreditei que quem fizesse o primeiro grande movimento no setor terá vantagem nos próximos. E olhando para esse mercado, as oportunidades são imensas,” disse o CEO. 

O Itaú BBA assessorou a Vero, que trabalhou com os advogados do Lefosse. 

O UBS BB assessorou a Americanet, que trabalhou com o Machado Meyer. 

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