A Transmissora Aliança de Energia Elétrica SA (Taesa) pretende levantar entre R$ 1,5 bi e R$ 2 bilhões numa oferta de novas ações, pessoas próximas à companhia disseram ao Brazil Journal.

O objetivo da oferta é preparar a companhia para capturar oportunidades nos leilões de transmissão agendados para este ano e 2024, que devem exigir um capex de cerca de R$ 50 bilhões dos vencedores.

Os leilões deste ano ocorrerão em julho e dezembro, e a companhia tem dito ao mercado que pretende participar, dependendo da atratividade das taxas de retorno.

A Taesa fechou o quarto tri com uma dívida líquida equivalente a 3,7 vezes sua geração de caixa, contra 4,2x ao final do ano anterior — um nível de alavancagem aceitável para este tipo de companhia, mas que precisa ser reduzido dado que a empresa pretende fazer novos investimentos.

A oferta primária deve vir a mercado já na segunda metade de abril ou em maio, se a Taesa decidir esperar os números de seu primeiro tri, que saem no próximo dia 3.

Infelizmente, apesar de seu tamanho, a transação não marca uma reabertura do mercado de ações, que continua funebremente fechado graças à Selic hipertrofiada, às posturas anti-negócios do Governo Lula, e aos saques inesgotáveis que a indústria de fundos de investimento vem sofrendo — este último fator, resultado dos dois primeiros.

“Esse apetite pela Taesa mostra um mercado apenas ‘funcional’ para estórias que fazem sentido — como a Taesa, uma empresa com fluxo de caixa recorrente e margem ebitda acima de 80%,” disse o executivo de um banco que está disputando o mandato.

Segundo as pessoas a par do assunto, o tamanho da oferta terá que ser calibrado para que o bloco de controle formado por CEMIG e ISA – que hoje detém 63% das ações votantes da Taesa – não seja diluído abaixo de 50,1% do capital votante.

A oferta em gestação não tem relação com os planos da CEMIG de eventualmente reduzir sua participação na Taesa, que pode gerar uma oferta secundária ainda este ano.

Em novembro, o CFO da Cemig, Leonardo Magalhães, disse ao Canal Energia estar otimista sobre as perspectivas de realização da venda em 2023.

Para poder vender sua participação, no entanto, a estatal mineira precisa chegar a um acordo com a ISA para desvincular suas ações do bloco de controle, o que converteria a ISA em um acionista de referência.

A companhia vale R$ 12 bilhões na Bolsa. As units da companhia (TAEE11) fecharam o último pregão a R$ 35,05.