Imagine investir em todas as fintechs do Brasil ao mesmo tempo, mas por meio de uma só empresa.
Esta é a tese que levou oito fundos de venture capital — entre eles o a.b.seed Ventures, Canary, Global Founders, Flourish Ventures e a SOMA Capital — a aportar R$ 17 milhões na SWAP, uma fornecedora de infraestrutura de banking para startups.
A rodada foi liderada pela ONEVC, a gestora brasileira baseada em São Francisco que foi uma das primeiras investidoras da Rappi. Outros investidores incluem o fundador da 99 e da Yellow, Ariel Lambrecht, e os do iFood, Guilherme Bonifácio e Patrick Sigrist.
A SWAP permite que uma nova empresa de food delivery, ride sharing ou benefícios, por exemplo, crie rapidamente sua própria wallet, emita seu cartão ou ponha no ar seu banco digital.
Usando APIs, os três fundadores da SWAP conseguiram reduzir drasticamente o tempo para colocar essa infraestrutura de pé — simplificando um processo complexo e cortando o tempo de entrega de meses para dias.
Hoje, a startup atende empresas como a Leadr, a rede social de investimentos da XP, que contratou seus serviços para criar um simulador de negociações. Outro cliente é a Clickbus, que está criando uma wallet própria.
“A simplicidade deles é um game changer: basta digitar algumas linhas de código para ter o sistema funcionando,” Bruno Yoshimura, o sócio da ONEVC responsável pelo investimento, disse ao Brazil Journal. “E isso é uma tendência: todos os bons desenvolvedores querem trabalhar com APIs hoje. Eles não têm mais paciência para usar arquiteturas antigas e modelos lentos.”
Ury Rappaport e Douglas Storf, os cofundadores da SWAP, se conheceram na 99, trabalhando juntos num projeto para criar uma fintech dentro da startup de mobilidade. Quando foram procurar empresas de infraestrutura bancária para viabilizar a ideia, perceberam as ineficiências desse mercado e decidiram criar a SWAP.
O terceiro sócio é Alexandre Takinami, que cofundou o GuiaBolso, onde foi o responsável pela integração do aplicativo com bancos e corretoras.
Parte dos recursos da rodada vai financiar a operação da SWAP no mercado de processamento de cartões, o nicho mais rentável do setor. A startup passou meses negociando com a Mastercard e lançou recentemente esse serviço, emitindo e processando cartões de débito e crédito para seus clientes.
A capitalização também vai permitir aumentar a equipe de desenvolvimento e manter a operação rodando enquanto a empresa não gera caixa.
Ury diz que para o negócio se tornar sustentável seria necessário ter uma escala de cerca de 10 milhões de contas (somando todos os clientes da SWAP) — o que em sua estimativa deve acontecer em até dois anos.
O modelo de monetização da SWAP varia de acordo com o perfil da empresa. Para clientes menores, ela cobra uma licença pelo uso do aplicativo, além de uma mensalidade por cada conta ativa. Para os clientes maiores, ela cobra um percentual sobre o volume total transacionado no sistema. Hoje, 70% de base se enquadra no primeiro modelo.
Os grandes benchmarks da empresa são as americanas Marqeta, que foi avaliada em mais de US$ 4 bilhões numa rodada recente, e a Synapse.Fi, a aposta da Andreessen Horowitz (a16z) neste segmento, que chama o negócio de “a AWS de pagamentos”.