A Suzano Papel e Celulose comprou a Fibria numa operação que cria uma companhia de R$ 65 bilhões em valor de mercado, fechando um negócio sonhado há quase três décadas e criando uma gigante global de commodities com sinergias estimadas entre R$ 8 e R$ 12 bilhões.
 
A transação junta as florestas adjacentes que ambas as companhias possuem em São Paulo, no sul da Bahia e norte do Espirito Santo, otimizando o raio médio entre as florestas e as fábricas e gerando economias na logística florestal.  Também vai permitir economias em logística internacional, na medida em que a nova empresa poderá fechar terminais duplicados em portos ao redor do mundo.
 
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Ao somar a capacidade da Fibria (7,2 milhões de tonelada/ano) com a da Suzano (3,7 milhões ton/ano), a nova Suzano será dona de 16% da capacidade de produção mundial de celulose.
 
A transação de hoje não muda a oferta no mercado internacional, mas pode alterar seu ritmo. Ao controlar as duas fronteiras de expansão da celulose no País —  Três Lagoas e Maranhão — a nova empresa terá controle sobre metade dos novos projetos entrando em operação no mundo, e poderá calibrar a oferta.
 
As sinergias comerciais são outro pilar do negócio.  Hoje, as empresas brasileiras praticam descontos de 20% a 30% na venda para clientes como Procter & Gamble e Kimberly-Clark.
 
“Para conseguir entrar nestes clientes, elas tinham que dar descontos crescentes, era uma bidando contra a outra,” diz um analista que cobre o setor há anos. “Se você conseguir reduzir este desconto ao longo do tempo…”  Nas contas deste analista, cada US$ 1 de redução no desconto gera um valor presente de US$ 80 milhões para a companhia combinada.
 
Cerca de 80% da transação está sendo paga em cash. Um sindicato de quatro bancos — JP Morgan Chase, Mizuho, Rabobank e BNP Paribas — está financiando a Suzano com uma linha de US$ 9,2 bilhões, um empréstimo-ponte até que a empresa possa renegociar o passivo.
 
A transação é estruturada como uma combinação das duas empresas.  Os acionistas da Fibria receberão R$ 52,50 por ação, e mais 0,4611 ação ordinária da Suzano, que deverá emitir 255 milhões de novas ações.
 
Depois da troca de ações, a Suzano vai incorporar a Fibria.  A governança ainda não foi anunciada, mas a Suzano deve aproveitar executivos de ambas as empresas.
 
O anúncio dos termos da combinação fez a ação da Suzano subir 19% por volta das 13 horas. No ano passado, a família Feffer, que controla a Suzano, havia feito uma reestruturação acionária para fortalecer a ação da companhia como moeda de troca.  
 
Já a ação da Fibria cai cerca de 10%. “Nos últimos dias, o mercado empurrou a Fibria acima de R$ 70/ação na expectativa de que os termos da transação seriam mais favoráveis ao vendedor do que ao comprador,” disse um gestor.  
 
O negócio marca a saída do Grupo Votorantim do setor de celulose, e um raro desinvestimento bilionário pelo BNDES.

Por décadas, o mercado via a Aracruz e a própria Fibria como os consolidadores naturais do setor.  Mas o tempo mostrou que a Suzano passou de alvo a compradora. 

 
Os Feffer terão 46,4% da nova companhia. O BNDES terá 11,1%, e o Grupo Votorantim, 5,6%.
 
Para a Suzano, a compra é o culminar de uma trajetória que começou há 93 anos, quando o imigrante ucraniano Leon Feffer, no Brasil há poucos anos, vendeu tudo para começar uma fábrica de papel no bairro do Ipiranga, em São Paulo.  Feffer passou o controle da Suzano para seu filho Max nos anos 70.
 
Engenheiro civil pelo Mackenzie, Max foi o responsável pela invenção da indústria de celulose brasileira como ela existe hoje quando, em 1956, começou a pesquisar formas de fabricar papel usando a fibra do eucalipto.  O sucesso das pesquisas permitiu que o Brasil passasse de importador a exportador de papel, e se colocasse entre os dez maiores produtores de papel e celulose no mundo.
 
O Morgan Stanley assessorou a Fibria.  Itaú BBA e JP Morgan aconselharam a Suzano.
 
O legal advisor da Suzano foi o Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados, enquanto a Fibria foi assessorada pelo Tozzini Freire Advogados.
 

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