Uma varejista de materiais de construção, com mais de 600 lojas e listada na Bolsa, gastava R$ 20 milhões por ano com o plano de saúde dos funcionários e outros R$ 5 milhões com seguros diversos.
Aí entrou a StratSeg, uma consultoria e corretora de seguros recém-fundada por um ex-McKinsey, que conseguiu uma economia de R$ 2 milhões em poucos meses.
O segredo, segundo a startup: sair da inércia.
“Quando se trata de seguros e benefícios, a maioria das empresas está na inércia. O que fazemos é mostrar que tem uma otimização e uma melhor forma de cobrir os riscos e distribuir os benefícios,” João Bueno, o fundador da StratSeg, disse ao Brazil Journal.

No caso dessa varejista, a StratSeg percebeu que a companhia tinha seguros que cobriam suas perdas se diversas de suas lojas parassem de funcionar. Mas, havia na apólice lojas muito pequenas, “que se parassem de funcionar gerariam um impacto no resultado depois da terceira casa decimal.”
Ao mesmo tempo, a empresa não tinha nenhum seguro para as vendas digitais, que têm muito mais relevância em seu top line.
“O que fazemos é tirar a cobertura de coisas que têm baixa frequência e que não precisariam estar seguradas e direcionar para os riscos mais críticos. Com isso, a empresa acaba com uma cobertura melhor, e na maioria das vezes ainda consegue economizar,” disse o fundador.
Outra exemplo: a varejista tinha um seguro para toda a sua frota de carros, e a avaliação da StratSeg foi de que seria melhor e mais barato manter apenas a cobertura para terceiros e a assistência, e comprar um novo carro no caso de um acidente.
No plano de saúde, o trabalho da StratSeg foi parecido. Primeiro ela entendeu por que a companhia oferecia os benefícios aos funcionários, e depois foi analisar o contrato para ver em quais alavancas podia mexer.
“Como se trata de uma empresa nacional, eles tinham vários planos, com operadoras diferentes. O que fizemos foi consolidar tudo numa única operadora, unificando também as datas de renegociação. Também fizemos um programa de gestão de saúde que diminuiu a sinistralidade e gerou um aumento da satisfação dos funcionários.”
Fundada há apenas 11 meses, a StratSeg está buscando se diferenciar num mercado extremamente competitivo justamente com essa abordagem consultiva — que só é possível por conta da experiência de Bueno e de seus sócios no setor.
Bueno trabalhou por 20 anos na McKinsey, onde liderou a área de seguros em toda a América Latina. Seus sócios são Filipe Maciel, que trabalhou por anos na Lockton e Aon Hewitt, duas corretoras internacionais; Lucas Calicchio, que trabalhou na G5 Partners e no BTG; e Marcello Avena e Gabriel Lima, que trabalharam na Lockton e na Willis Towers.
Com esse modelo, que une consultoria com corretagem, a StratSeg já atraiu clientes como a CNN Brasil, Banco Inter, Sabesp, Quero-Quero e o Santos Futebol Clube.
Desde que foi fundada a companhia já emitiu R$ 55 milhões em prêmios, e a meta para o ano que vem é fazer R$ 200 milhões.
A receita da StratSeg é uma comissão em cima desses prêmios que varia de 5% a 30%, dependendo do produto e da seguradora.
A StratSeg tem operado em parceria com a multinacional MDS, um dos maiores players do setor. Pelo acordo, é a MDS que negocia com as seguradoras, conseguindo condições melhores para a StratSeg dado o seu volume. Em troca, quando a StratSeg faz uma venda, a comissão é dividida com a MDS.
“É uma parceria ganha-ganha. Eles viram que temos um diferencial e podemos ajudá-los a expandir o alcance do mercado. E a gente se beneficia da escala e do poder de negociação deles, além de todas as ferramentas e tecnologias que eles têm, que teríamos que investir,” disse.
A StratSeg está operando num mercado de seguros corporativos e benefícios que movimenta quase R$ 400 bilhões por ano e ainda é extremamente fragmentado, com mais de 50 mil corretores em atividade.
As maiores corretoras hoje são a Aon, MDS, Willis, Marsh, e Alper — que juntas têm cerca de metade do mercado.
Dado o modelo asset light, a StratSeg não fez nenhuma rodada até agora.
 
  










