A PagSeguro e a Stone caíram hoje na Nasdaq depois que o Itaú rebaixou sua recomendação para as duas adquirentes.

Ambas chegaram a cair quase 5% hoje com o relatório, num dia em que a Nasdaq caiu 1%.

O Itaú rebaixou sua recomendação para a PagSeguro de ‘compra’ para ‘neutro’. Já a recomendação para a Stone foi direto para ‘venda’.

O analista Pedro Leduc disse que uma combinação de ventos contrários para a indústria de cartões e um aumento na competição no setor de adquirência estão “rapidamente apagando” os ganhos de margem esperados pela queda da Selic. 

“Emissores tradicionais de cartões continuam cautelosos com o produto, enquanto novos entrantes estão sem apetite para aumentar os volumes de emissões. Pequenos emissores estão enfrentando um alto nível de default e se tornando um risco de crédito para os adquirentes,” escreveu o analista. 

“Ao mesmo tempo, o micro também está piorando rapidamente com a maioria dos players de adquirência expandindo seus times comerciais.”

Segundo ele, os players listados do setor têm menos produtos para competir, “nos levando a acreditar que os take-rates e as margens vão cair no segundo semestre e em 2024, depois de uma recuperação nos últimos doze meses.”

Para Leduc, mesmo depois de um sell-off no início do ano, os múltiplos dessas empresas devem continuar descontados dada a piora nas tendências de lucro no curto prazo e desafios estruturais. 

“Recomendamos evitar o setor, preferindo investir em bancos de qualidade.”

Nesse cenário, o Itaú disse que a Stone é a adquirente mais cara da Bolsa, negociando a 11x o lucro estimado para o ano que vem, em comparação a 8x da PagSeguro e 6x da Cielo. 

O analista disse ainda que o negócio da Stone é intensivo em capital e pessoas, com uma receita por funcionários menor que a dos grandes bancos. 

“Ela não tem uma experiência de banking desenvolvida e o negócio de software não se provou uma solução para reduzir o churn e aumentar o engajamento como esperado,” escreveu Leduc.

O banco reduziu seu preço-alvo para a Stone de US$ 11 para US$ 9 por ação. O papel negocia hoje a US$ 9,9. 

Sobre a PagSeguro, o Itaú disse que gosta da empresa em termos de execução na adquirência e por sua decisão de construir um banco completo para ajudar a reduzir o custo de funding e gerar receitas adicionais. “O downgrade pode estar vindo atrasado e o valuation parece decente, mas não vemos nenhum trigger positivo para a ação e vemos diversos riscos para as estimativas.” 

O banco reduziu seu preço-alvo de US$ 13 para US$ 10 por ação, um upside potencial de 19% em relação ao preço de tela. 

No relatório, o Itaú também manteve sua recomendação neutra para a Cielo com preço-alvo de R$ 3,9/ação.