Num movimento abrupto, o Starbucks demitiu o CEO Laxman Narasimhan, que estava há apenas 16 meses no cargo, e nomeou o atual presidente da Chipotle Mexican Grill, Brian Niccol, para comandar a maior rede de cafeterias do mundo a partir de setembro.
A troca repentina na liderança reflete uma série de desafios enfrentados pelo Starbucks nos últimos tempos: a competição na China está mais acirrada e as vendas estão em queda nos últimos trimestres, com os consumidores achando os lattes e mochas caros demais nos Estados Unidos.
A empresa também enfrenta uma batalha judicial com um sindicato representando baristas de mais de 500 lojas nos EUA.
Laxman – o primeiro executivo externo a liderar a companhia – havia sido escolhido diretamente por Howard Schultz, o visionário ex-CEO que ajudou a transformar a empresa numa potência global e hoje é o sexto maior acionista individual da rede.
Mas os reveses que a companhia vem sofrendo e a reinvenção prometida por Laxman colocaram Schultz e seu indicado em lados opostos. O acionista passou a criticar publicamente a gestão do Starbucks, e recentemente postou no LinkedIn que a rede de cafeterias precisava reformular suas operações nos Estados Unidos.
Somam-se a tudo isso as pressões da Elliot, a gestora ativista que comprou uma participação relevante na companhia em julho e tem pressionado por mudanças operacionais, além de buscar um assento no conselho.
A Elliot chegou a sugerir aumentar o tamanho do conselho para acomodar seu representante. A Starbucks ainda não respondeu a essa proposta. Na semana passada, o Starboard Value também adquiriu uma participação na companhia.
É essa companhia cheia de desafios que Niccol assume a partir de 9 setembro. Até lá, a diretora financeira Rachel Ruggeri lidera o Starbucks interinamente.
Veterano da indústria de fast food, Niccol ocupou diversas posições executivas na Pizza Hut e atuou como CEO da Taco Bell antes de assumir a liderança da Chipotle em 2018. Desde então, o valor de mercado da rede de comida mexicana aumentou 778%.
Com o anúncio de sua chegada no Starbucks, as ações da companhia operam em alta de 22% próximo ao final do pregão, enquanto a Chipotle cai quase 8%.