A Starboard está comprando 15% da Maha Energy, uma petroleira listada na Bolsa de Estocolmo que tem 95% de sua receita vinda do Brasil.
A Maha é dona dos Campos de Tiê, na Bahia, e Tartugara, em Sergipe. Esses campos estão produzindo em torno de 4 mil barris de petróleo por dia e tem reservas de 40 milhões de barris.
A Starboard está pagando cerca de R$ 140 milhões pela participação, comprada em grande parte da Kvalitena, uma gestora sueca.
No block trade, a Starboard comprou 10% da empresa da Kvalitena e o restante de outros acionistas menores.
Com a transação, que tenta repetir o playbook do investimento da Starboard na 3R, a Starboard vai se tornar o acionista de referência da Maha, que é uma corporation. Outros grandes acionistas são a Kvalitena (que continua com 8% do capital), e o BTG Pactual, que tem 6,2% da empresa e emprestou outros US$ 60 milhões para a Maha.
A transação é uma arbitragem entre dois mercados: a Maha é hoje a empresa de petróleo mais barata do mundo pelo múltiplo EV/EBITDA. Pelas preocupações crescentes com o ESG, que são ainda maiores na Europa, a ação da empresa está largada na Bolsa de Estocolmo.
A empresa negocia a 1,2x o EBITDA estimado para o ano que vem, mais barato que a Petrobras, que negocia a 2,6x. Em comparação aos players privados brasileiros, o gap é ainda mais largo: PetroRecôncavo, PetroRio, e 3R negociam em torno de 4x.
Considerando as petroleiras americanas e europeias, a Maha também é a mais descontada — com folga: a média dessas empresas é de um EV/EBITDA de 2,7x, com a mais barata (a Equinor) negociando a 1,3x.
“O ativo é bom, a empresa está pouco alavancada [0,5x dívida líquida/EBITDA], e ela ainda tem bastante espaço para aumentar a produção,” disse uma fonte próxima à transação. “Ela está descontada basicamente pela questão ESG.”
De imediato, a Maha deve aumentar a produção dos campos de Tiê e Tartugara em 50%, apenas enviando novas sondas de perfuração e workover para lá. (Isso é importante porque hoje há uma fila no Brasil para conseguir novas sondas).
Como há uma alavancagem operacional, esse aumento na produção deve gerar um aumento ainda maior no EBITDA, que fechou em US$ 70 milhões nos últimos 12 meses.
“A ideia deles é transformar a Maha numa plataforma para fazer outros M&As no Brasil, usando a geração de caixa para comprar outros campos de petróleo ou ativos de energia,” disse a fonte. “Bem parecido com o que eles fizeram com a 3R.”
Outro plano da Starboard é fazer uma listagem da Maha na B3, o que pode ser feito por meio da emissão de BDRs. A ideia com isso é que os múltiplos da companhia convirjam para os dos players privados brasileiros.
Além do Brasil, a Maha tem ativos em Omã, no Oriente Médio, e nos Estados Unidos.