A Sooper — uma startup que ajuda lojas de material de construção a comprar melhor seus estoques — acaba de levantar R$ 32 milhões numa rodada liderada pela Canary e Kaszek.
Também investiram na empresa a Globo Ventures e investidores-anjo como Gabriel Braga, fundador do QuintoAndar, Paulo Silveira, da Alura, e Ana Luiza McLaren, da Enjoei.
A rodada de seed money é a primeira da Sooper, que acaba de sair do papel.
A startup foi lançada há pouco mais de três meses por Rafaela Khouri e Hygor Burza Dupin, que se conheceram durante um programa de mentoria da Canary.
Rafaela trabalhou por anos na Tarpon, onde participou do investimento na Somos Educação. Após o aporte, ela assumiu como head de M&A da empresa, onde ficou até a venda para a Kroton. De lá, foi para o Quinto Andar.
Hygor foi o head de M&A da Dock (a antiga Conductor) e fundou a Lingols, uma plataforma B2B de ensino de idiomas.
A Sooper quer melhorar o processo de formação de estoque dos pequenos varejistas de materiais de construção, um problema que os fundadores consideram gigantesco.
“O lojista hoje tem que falar com múltiplos fornecedores por telefone, não tem poder de barganha, tem que esperar para receber o produto e não tem crédito: tem sempre que pagar antes de fazer a venda,” Rafaela disse ao Brazil Journal.
Do ponto de vista dos fornecedores, a situação também é cabeluda.
“Eles têm muitos problemas logísticos, e acabam tendo dificuldade de atender o last mile, por exemplo,” disse ela.
Para resolver esse problema, a Sooper criou uma plataforma que conecta essas duas pontas, permitindo que o lojista encontre mais de 15.000 produtos em um só lugar e pague as compras em até 90 dias, e que o fornecedor não tenha que se preocupar com a logística.
A plataforma da Sooper tem parceria tanto com fabricantes tradicionais de material de construção quanto com distribuidores.
A startup opera com dois modelos, dependendo da demanda do fornecedor: ela pode comprar da indústria e revender aos varejistas; ou fazer o ‘fulfillment’, ficando com o estoque do fornecedor em seus CDs e operacionalizando a entrega.
A receita da startup vem da diferença entre o preço de compra do fornecedor e o valor de venda aos varejistas.
Rafaela diz que, nesse primeiro momento, a startup está vendendo alguns dos produtos a preço de custo para ganhar market share e atrair lojistas para a base.
“Estamos apostando que esses são produtos vão gerar recorrência de compra, então faz sentido ter um preço muito competitivo para o lojista se acostumar com a gente,” disse ela.
Ao contrário da maioria das startups, os principais benchmarks da Sooper não vem dos EUA, mas da Índia: a brasileira está se inspirando principalmente na Udaan, que ajuda PMEs de todos os setores a comprar melhor seu estoque, e na Infra.Market, que é focada especificamente no setor de materiais de construção.
A startup vai usar o dinheiro da rodada para expandir sua operação na Grande São Paulo. Segundo a fundadora, para cobrir toda a região a startup precisa alugar mais três CDs. Depois, vai começar a pensar uma expansão para outros estados.
A Sooper calcula que seu mercado endereçável é de mais de 300 mil lojas de materiais de construção, que movimentam US$ 30 bilhões por ano (mais de R$ 200 bilhões).