A First Data acaba de comprar a Software Express, dona de 60% do mercado de transferência eletrônica – o TEF – no Brasil, um movimento importante para consolidar sua estratégia de ser uma prestadora de serviço ‘agnóstica’ para todas as credenciadoras.

Com a aquisição, além de ampliar sua oferta de serviços, a First Data ganha escala e capilaridade.

Fundada em 1986 inicialmente para fazer a reconciliação entre agências bancárias, a Software Express é líder num mercado pouco conhecido, mas presente em mais de 100 mil estabelecimentos comerciais no País.

O TEF é a ferramenta que conecta a frente de um caixa aos sistemas das adquirentes. (Você não sabe, mas está usando a Software Express quando paga um remédio no caixa de uma Raia ou Drogasil, por exemplo).

Grosso modo, é graças ao TEF que o valor que aparece no monitor do caixa vai parar direto na maquininha, permitindo verificar se o banco autoriza a transação. Esse tipo de sistema é utilizado principalmente por empresas de médio e grande porte, com diversos checkouts e que movimentam grandes volumes.  

Num mercado de competição cada vez mais voraz entre as maquininhas, a First Data quer ganhar com a tendência secular de aumento dos pagamentos por cartões – não importa quem seja o líder.

A americana começou a atuar como adquirente no Brasil em 2014, com as maquininhas da marca BIN. Mas em vez de focar na venda dos dispositivos – um mercado cada vez mais comoditizado e sujeito a guerra de preços – ela trabalha em cooperação com outras credenciadoras.

Por exemplo, a First Data processa as transações das maquininhas da Credicard POP para a Rede, ao mesmo tempo que mantém parcerias com clientes menores, como a Crefisa e o Bancoob. A americana retém uma parte das taxas capturadas pelas credenciadoras.

Além do TEF, a Software Express tem ainda ferramentas de conciliação de vendas, que garantem que o total gerado pelos sistemas de venda das lojas bate com o total processado pelas maquininhas de cartões.

A First Data não pretende fazer nenhum tipo de oferta agregada da Software Express com a BIN. “Nosso DNA é de cooperação e não de competição”, diz Henrique Capdeville, country manager da First Data no Brasil. “Foi por isso mesmo que compramos a Software Express, que tinha essa preocupação de continuar agnóstica, atendendo todos os clientes”.

As novas entrantes no mercado de pagamentos vem utilizando serviços como o TEF e a reconciliação como ferramenta de distribuição e inteligência de mercado e – apesar de também usar serviços de terceiros, como a Software Express – estão desenvolvendo soluções caseiras.

A Stone é dona da Cappta, que faz este serviço, e a Linx comprou a Direção, uma solução de TEF que foi o caminho de entrada para sua estratégia mais agressiva em meios de pagamento, a Linx Pay. As grandes – Cielo e Rede – ainda não atuam nesse nicho.

No Brasil há mais de uma década, a First Data nunca chegou a decolar efetivamente como credenciadora e tem cerca de 3% a 4% de participação no total processado pelas maquininhas, segundo estimativas de mercado.

O valor da aquisição não foi revelado.

 

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