A Softplan levantou R$ 130 milhões na primeira emissão de debêntures da empresa catarinense de software para fazer novas aquisições no setor de tecnologia. 

Focada em softwares de gestão e produtividade para os mercados público e privado, a Softplan já investiu R$ 250 milhões de capital próprio na compra de cinco startups em menos de dois anos. A empresa deve faturar quase R$ 600 milhões este ano.

Com o dinheiro captado agora, a Softplan deve fechar a compra de outras startups nos próximos meses. Cinco empresas estão sendo analisadas. 

“Há poucas empresas médias, que faturam cerca de R$ 500 milhões, com capacidade para atuar como consolidadoras no mercado de tecnologia nacional,” Eduardo Smith, CEO da companhia, disse ao Brazil Journal.

Com cerca de 10 mil clientes, o setor público representa 60% do faturamento da Softplan, com uma frente relevante no Poder  Judiciário. A empresa é responsável, por exemplo, pelos sistemas do Tribunal de Justiça de São Paulo e de outros cinco estados, além de procuradorias e defensorias. 

No mercado privado, o setor de construção concentra o maior número de soluções, como softwares de gestão de obras e de especificação técnica para edificações.

Fundada em 1990 pelos catarinenses Ilson Stabile, Moacir Marafon e Carlos Augusto de Matos, a Softplan se manteve focada em crescimento orgânico até 2020. No ano passado, vieram as primeiras aquisições com a Checklist Fácil (uma desenvolvedora de softwares para listas de tarefas e conferência) e a Construtor de Vendas (uma ferramenta de CRM para o mercado imobiliário).

A gestão da própria empresa passou por mudanças. A Softplan não tinha um CEO até a chegada de Eduardo em maio de 2021. Antes, cada um dos três sócios tocava uma área do negócio; agora, todos estão apenas no conselho. Com a nova estrutura de gestão, a empresa apertou o passo rumo à expansão via M&As. Hoje, 24% do faturamento da empresa já vem das cinco startups compradas. 

O CEO estima que a combinação de altas taxas de crescimento e da expansão por aquisições deve fazer com que o faturamento da companhia chegue a R$ 1 bilhão em 2024. O número mágico deverá marcar também um novo ciclo de expansão, mirando empresas de maior porte, o que exigirá captar via equity, seja no mercado público ou privado.

A ideia de um IPO não é exatamente uma novidade para a empresa. Em 2020, ano farto de emissões primárias no Brasil, a Softplan foi assediada por bancos para abrir seu capital. Na época, a empresa faturava cerca de R$ 350 milhões, tinha feito apenas investimentos seed e não se sentia confortável em ir a mercado.

“Os investidores valorizam cada vez mais empresas de tecnologia que entregam crescimento acelerado e resultado”, diz Smith. Para mostrar a solidez do negócio, o CEO costuma se valer da chamada “regra dos 40%”, normalmente evocada para as empresas de softwares, em que a soma da taxa de crescimento e da margem de lucro supera os 40%. Na Softplan, esse número é de 53%. 

O coordenador da debênture foi o Bradesco BBI. O prazo de vencimento é de cinco anos e a taxa é DI + 2,29% ao ano.