A Usiminas acaba de demitir seu CEO e mais dois de seus principais executivos em meio a uma briga societária entre a Ternium e a Nippon Steel, os dois maiores acionistas da siderúrgica mineira.
Uma votação no conselho de administração da empresa terminou em um empate de 5 a 5, e o voto de desempate foi dado por Paulo Penido, presidente do conselho e homem de confiança da Nippon Steel.
Estão na rua o CEO da Usiminas, Julián Eguren, e dois diretores vice presidentes: o de subsidiárias, Paolo Bassetti, e o industrial, Marcelo Chara.
A Ternium disse num comunicado que as demissões são o resultado de uma “controvérsia” dentro do grupo de controle da Usiminas a respeito das regras que governam a nomeação de executivos-sêniores. O grupo ítalo-argentino disse que os votos dos diretores nomeados pela Nippon Steel — que selaram as demissões — violam o acordo de acionistas que governa os direitos dos membros do grupo de controle.
Uma fonte do setor disse que o acordo entre a Ternium e a Nippon é de que os japoneses nomeiam o presidente do conselho e os argentinos, o CEO da empresa.
O comunicado da Ternium fala da discordância entre as partes no que tange à votação no conselho, mas não explica por que razão a demissão dos executivos foi levada a voto.
“Os japoneses podem estar achando que os argentinos estão administrando a companhia nos interesses da Ternium, e não nos melhores interesses da própria Usiminas,” diz um executivo com experiência no setor. “Só isso justificaria um racha desse tamanho.”
A Ternium disse que “pretende tomar todas as medidas razoáveis para proteger seus direitos e investimento na Usiminas.”
A desavença entre os sócios tem o potencial de ser uma boa notícia para Benjamin Steinbruch, o controlador da CSN. A CSN foi obrigada pelo CADE a vender sua uma participação na Usiminas, e um redesenho do acordo de acionistas pode fazer com que o bloco detido por Benjamin passe a ter um valor estrategico.
“Potencialmente isso é bom para ele, mas as ações do Benjamin estão fora do acordo de acionistas. Seria preciso alguém comprá-las e aí levá-las para dentro do bloco de controle. Mas isso também pode dar uma briga grande na Justiça..”
O conselho escolheu, em caráter temporário, Rômel Erwin de Souza para os cargos de diretor presidente e diretor vice presidente industrial, e Ronald Seckelmann para o cargo de diretor vice presidente de subsidiárias.
A Ternium comprou sua participação de 27,7% na Usiminas — toda em ações ordinárias — em janeiro de 2012 por 36 reais. A ação hoje negocia a 7,30 reais.
