O trem que vai até o Aeroporto de Guarulhos já foi acusado de muitas coisas.

De ser uma obra que ia ficar pronta para a Copa de 2014 – mas foi entregue só agora… E de não resolver a vida do passageiro, já que não chega dentro do terminal do aeroporto.

Agora, a linha 13 da CPTM tem uma nova crítica para o seu currículo: ser responsável por uma instabilidade magnética que estaria interferindo nos equipamentos de navegação aérea de Guarulhos.

Na manhã desta terça-feira, por conta de um nevoeiro de proporções absolutamente normais na aviação, 49 voos que pousariam em Guarulhos até às 8h da manhã foram desviados para Galeão, Viracopos e Confins. Mas o caos estava só começando.

Até às 15h, a conta em GRU já estava em 101 voos atrasados, e 17 partidas e 16 chegadas canceladas.

Nevoeiros são comuns, sobretudo no inverno e ao amanhecer. Para isso, os aeroportos contam com equipamentos sofisticados como o ILS (Instrument Landing System), que permitem a aproximação por instrumentos, auxiliando os pilotos a encontrar a pista em situações de baixa visibilidade.

No dia 1 de maio, o ILS localizado em uma das cabeceiras próximas à linha do trem já ficara instável. Coincidentemente, era o primeiro dia de operação da linha 13. (Desde então, o equipamento foi desligado e só deve voltar a operar em 30 de julho.) Nesta madrugada, o ILS da segunda pista foi desligado, pelo mesmo motivo, deixando os pilotos sem alternativa em caso de baixa visibilidade.

O controle de tráfego aéreo é de responsabilidade da Aeronáutica. No fim de semana, uma aeronave-laboratório da FAB fez testes avaliando a operação do trem, mas ainda não se chegou a uma conclusão definitiva sobre o que estaria causando a instabilidade magnética.

Até que se descubra o verdadeiro vilão, o aeroporto ficará fechado sempre que houver um nevoeiro. Imagina nas férias.

Se a causa dos problemas aéreos de hoje for realmente de natureza ferroviária, o episódio tem tudo para entrar nos anais (já robustos) da falta de planejamento estatal, que já produziu tantas obras tão caras quanto inúteis. A linha 13 foi a primeira linha totalmente construída e operada pela CPTM.

A CPTM diz que fez tudo nos conformes. “Foram realizados testes de rádio interferência com técnicos da Infraero, Aeronáutica e Anatel, que demonstraram inexistir qualquer interferência dos sistemas da CPTM nos sistemas de Navegação Aérea do aeroporto.”