A ação da SLC Agrícola sobe mais de 5% hoje depois da companhia divulgar a nova avaliação de suas terras, que jogou luz sobre o valor descontado do papel.

Segundo a Deloitte, que fez a avaliação, as terras da empresa valem agora R$ 10,9 bilhões — um aumento de 17% em comparação aos R$ 9,5 bilhões de um ano antes. 

O aumento inclui a aquisição recente da fazenda Paysandu, que adicionou 12,5 mil hectares ao portfólio da empresa. Ainda assim, o valor por hectare das terras agricultáveis da SLC expandiu 12%, para R$ 52,9 mil/hectare.

Nos últimos anos, a SLC tem crescido com um misto de terras próprias e arrendadas (um modelo asset light que aumenta o risco do negócio, mas também o retorno). 

Hoje, a companhia tem 670 mil hectares de áreas plantadas, das quais cerca de 35% são fazendas próprias e o restante arrendadas. A avaliação considera apenas as fazendas próprias da companhia. 

A apreciação no valor das terras vem em meio a uma valorização generalizada das terras agricultáveis do Brasil. Desde 2020, o valor das terras mais que dobrou, segundo o BTG, impulsionado por uma combinação de um alto preço das commodities, um real desvalorizado, e juros baixos nos últimos anos. 

“Mas, até certo ponto, todos esses fatores estão apontando numa direção que não é mais tão favorável quanto nos últimos anos, indicando uma possível desaceleração nos preços de terras agrícolas daqui para frente,” escreveu o analista Thiago Duarte. 

Para o banco, a expansão de 12% no valor das terras da SLC foi uma surpresa e reflete um economics melhor do negócio.

O analista nota que o valor das áreas agricultáveis de grãos tem performado melhor que outros usos de terra, o que explica a performance também superior do portfólio da SLC em relação à média do País. Hoje, mais de 70% das plantações da SLC são soja e milho, e o restante, algodão. 

Nas contas do BTG, a nova avaliação reduz o múltiplo P/NAV da SLC para cerca de 0,9x, um desconto de 16% em relação aos níveis históricos. Esse múltiplo também “desconsidera cerca de dois terços da área plantada da SLC, que é arrendada e por isso não está incluída no cálculo do NAV.”

“Isso implica em praticamente nenhuma criação de valor do negócio de farming no preço das ações, o que nos parece conservador demais.”

O Citi também notou que o net asset value por ação do valor das terras da SLC é agora de R$ 58,72, maior que o preço que o papel negocia hoje, de R$ 38,3.  

“Ainda que a gente não considere a valorização da terra no nosso valuation, isso é um suporte importante para a tese de investimento da companhia,” escreveu o analista Gabriel Barra.