Três meses atrás, o programador Josh Wardle lançou um site despretensioso com um joguinho de adivinhar palavras. Era para agradar sua mulher, que adora puzzles e estava entediada com a pandemia.
A ideia (extremamente simples) foi um sucesso repentino: de apenas 90 usuários no primeiro mês, o joguinho – batizado de Wordle, uma brincadeira com o nome do criador – saltou para 300.000 em dois meses e para mais de 1 milhão este mês, com boa parte desses usuários jogando no aplicativo.
Agora, o Wordle acaba de ser comprado pelo The New York Times, que vai plugá-lo em sua plataforma de Gaming, um dos novos negócios do jornal.
O Times não revela o preço, mas disse que ele ficou nos “sete dígitos baixos,” ou seja, supostamente uma faixa entre US$ 1 milhão e US$ 3 milhões.
A aquisição é uma forma do NYT diversificar suas receitas para além das notícias, e deve ajudar a CEO Meredith Kopit Levien a atingir sua meta de 10 milhões de assinantes em 2025. Hoje, o jornal tem 7,5 milhões de leitores pagantes.
“O Times continua focado em se tornar a assinatura essencial para todos os falantes de inglês buscando entender e se engajar no mundo,” a empresa disse num comunicado. “A vertical de jogos do New York Times é uma parte chave dessa estratégia.”
Num primeiro momento, o jogo vai continuar gratuito, mas em algum momento o jornal deve incluí-lo em seu pacote de assinatura.
A premissa do Wordle é simples.
Todos os dias, o usuário tem seis chances para adivinhar uma palavra de cinco letras. A cada tentativa, um tijolo verde indica que a letra está correta e no lugar exato; um amarelo, que a letra aparece na palavra, mas em outro lugar; e um cinza ou preto que a letra não aparece em lugar nenhum.
Mas o sucesso do Wordle tem a ver, pelo menos em parte, com uma feature que permite aos jogadores compartilhar sua performance nas redes sociais e com outros jogadores – compartilhando uma imagem do resultado do dia.
Wardle disse em entrevistas que essa ferramenta foi ao encontro do zeitgeist na pandemia.
“Compartilhar os resultados é uma forma das pessoas se conectarem com amigos e familiares que elas não poderiam ver de outra forma, e fornece uma forma muito fácil de entrar em contato com os outros,” disse ele.
Essa não é a primeira vez que o NYT investe num jogo.
O jornal já tem dois outros com uma premissa parecida: o Spelling Bee, no qual o jogador precisa criar o máximo de palavras que conseguir com sete letras, e um jogo de palavras cruzadas.
Recentemente, o NYT adicionou também o Letter Boxed, Tiles e Vertex. Segundo o jornal, todos os jogos da empresa foram jogados mais de 500 milhões de vezes no ano passado, e a vertical já tem cerca de 1 milhão de assinantes.
“Temos uma grande ambição de crescer nossa audiência de jogos, e vemos isso como uma grande oportunidade,” Jonathan Knight, o diretor de jogos do NYT, disse ao Business Insider. “Jogos são uma distração das notícias, e as notícias algumas vezes podem ser brutais.”