O grupo Ser Educacional desistiu agora à noite de sua oferta de ações, que levantaria cerca de R$ 450 milhões para a companhia.
Quando a oferta foi anunciada há cerca de duas semanas, Joesley Batista era apenas um empresário controverso, e a ação da Ser negociava a R$25.
Ontem, a ação pairava pouco acima de R$ 22, até que, meia hora antes do pregão acabar, o papel disparou com volume e fechou a R$ 22,91 — como se alguém tivesse adivinhado que a oferta seria cancelada.
Abalroada pela delação como todo o Brasil, a Ser só encontrou simpatia e apetite do mercado a R$20,50-21,00, um preço que levou os controladores a cancelar a oferta.
A Ser queria vender 17,4 milhões de ações; os irmãos Janguiê (chairman) e Jânyo Diniz (CEO) não acompanhariam a oferta e seriam diluídos em cerca de 8%.
“O principal problema foi que os gringos pularam fora pelo risco do País,” diz uma fonte que participou da oferta, numa explicação plausível. “Os acionistas [estrangeiros] diziam que gostavam da empresa, mas estavam pensando se continuavam ou não no País.”
Durante o roadshow, Janguiê disse aos investidores que a fusão Kroton-Estácio não vai se concretizar. Segundo ele, os remédios exigidos pelo CADE serão tão amargos que levarão a Kroton a desistir da operação, disseram investidores que participaram das reuniões.
Os Diniz nunca esconderam de ninguém sua antipatia pela fusão. Aliás, logo que a operação foi anunciada, a Ser se posicionou para ser sua adversária no. 1
Janguiê contratou o economista Gesner Oliveira para fazer um parecer contra a operação e, no início deste ano, retirou a Ser da Associação Brasileira para o Desenvolvimento da Educação Superior (Abraes) para “não fazer parte do mesmo grupo que a Kroton”, segundo tem dito a conhecidos.
O fracasso da união Kroton-Estacio talvez seja mero ‘wishful thinking’ da Ser, mas a oferta de ações e a retórica da companhia levaram o mercado a interpretar que os Diniz estavam se preparando para capitalizar um eventual veto do CADE.
Uma fonte próxima aos Diniz diz que não é bem assim: “A Estácio interessa, mas [o desenho] seria uma fusão com troca de ações. A oferta era para outras aquisições menores que estão disponíveis no mercado.”
Os coordenadores da operação eram Credit Suisse, Merrill Lynch, JP Morgan e Santander.
Todos agradecem a Joesley.