Depois de uma captação recorde no primeiro semestre e de ações internas para melhorar a rentabilidade, a Ser Educacional acaba de reportar um trimestre acima das expectativas no EBITDA e lucro líquido ajustado.
O EBITDA da empresa da família Diniz subiu 25% ano contra ano e chegou a R$ 185 milhões. O consenso era R$ 164 milhões.
Já o bottom line de R$ 86,5 milhões foi uma alta de 87,3% sobre o segundo tri do ano passado – enquanto o consenso era R$ 67 milhões.
O CEO Jânyo Diniz disse que o desempenho consolida os resultados do primeiro tri, que fizeram a ação disparar 20% no dia seguinte à divulgação, e do sucesso do processo de turnaround que a Ser fez nos últimos anos.
“Não é um resultado pontual. O nosso lucro acumulado no primeiro semestre está 25% maior que o realizado em todo o ano passado,” Jânyo disse ao Brazil Journal.
Segundo o CEO, a captação do segundo semestre está em linha com as projetadas internamente, mas o foco da Ser será abrir turmas com ticket médio maior e em cursos de maior atratividade. “Mas temos que esperar até setembro, quando termina a captação” disse.
A receita líquida veio em linha com o mercado: um crescimento de 10%, chegando a R$ 589 milhões.
Um dos motivos do crescimento não ter vindo maior, segundo a Ser, foi o aumento de 35% na base de alunos ligados ao ProUni, o que aumentou sua dedução na receita líquida em relação ao programa em quase 42%.
Hoje, 8,1% dos alunos da Ser são ligados ao programa do Governo Federal – uma alta de 1,6 basis point em relação a um ano antes.
Jânyo disse que o ensino híbrido segue como pilar central no ganho de rentabilidade da Ser, com maior ocupação dos campi com turmas mais cheias e um portfólio mais focado em cursos de maior demanda, como saúde e direito.
Já a medicina, que teve um crescimento de 27% no ano devido à criação de novas vagas no primeiro tri, deve continuar trazendo bons resultados nos próximos trimestres.
O CEO disse que as vagas recém-abertas contemplam alunos entre o primeiro e terceiro ano, o que significa que a companhia terá mais alunos entrando do que se formando nos próximos três anos.
A Ser também espera o resultado das liminares sobre as novas vagas que foram para o MEC. Atualmente são cinco liminares com 200 vagas cada.
Como o MEC vem aprovando cerca de 60 vagas por liminar, segundo Jânyo, a tendência é que o número de vagas aumente em cerca de 300 – o que representaria um crescimento de 30% em relação ao número atual.
A Ser registrou uma queda de 1,9% no número de alunos no EAD. Jânyo disse que isso aconteceu por causa do alto número de evasão, já que a Ser optou por não entrar na guerra de preços.
“O movimento que estamos fazendo é de aumento de rentabilidade geral das operações,” disse Jânyo. Mas ele enxerga oportunidades de crescimento com a mudança na legislação do EAD, que exige que todos os cursos tenham, pelo menos, 20% da carga horária presencial.
Já a provisão para devedores duvidosos da Ser subiu 33% no ano, representando cerca de 10% da receita líquida. O diretor de RI, Rodrigo Alves, disse que isso aconteceu por conta da evasão do EAD, mas que os provisionamentos da Ser estão mais conservadores do que a inadimplência de fato.
“Nós temos, inclusive, aumentado a geração de caixa graças à redução da inadimplência,” disse o executivo.
A Ser teve uma geração operacional de caixa líquida de R$ 34 milhões – 8x mais do que o registrado no ano anterior.
A alavancagem, por sua vez, caiu 0,8x e chegou a 1,24x.
“Estamos no tripé de empresa saudável: reduzimos a dívida, voltamos a pagar dividendos e ainda investimos para crescer,” disse Jânyo.
A ação da Ser sobe 62% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 1,15 bilhão na Bolsa.