A Sequoia, uma das principais empresas de logística voltada para o ecommerce no País, acaba de chegar a um acordo com os bancos em relação à sua dívida. 

A empresa convenceu o Santander, ABC Brasil, Bradesco e Votorantim a converter R$ 320 milhões de dívidas em ações da empresa – Santander e ABC Brasil representam cerca de 65% do valor total.

Com a concretização da negociação, a empresa conseguiu reduzir sua dívida total em 75% – incluindo as debêntures renegociadas em outubro. Se considerar a dívida líquida, a redução foi de 90% 

A Sequoia vai começar 2024 com um endividamento de R$ 183 milhões e carências no pagamento de juros de três a oito anos, dependendo do credor. A alavancagem caiu de 5,8x sobre o patrimônio líquido para 0,1x. 

10824 be9391ec a9f5 7563 72dc 7498303592f3A Sequoia passa a ter vários acionistas de referência com participações acima de 10%: as gestoras Newfoundland Capital Management e Jive, além dos bancos ABC e Santander.

O contrato assinado com os bancos marca o fim de um semestre em que a empresa passou a ser mais lembrada pela explosão da dívida (e atraso dos pagamentos) do que pelo próprio negócio. 

Há dois meses, a Sequoia concluiu sua emissão de R$ 341,5 milhões em debêntures (a quarta desde o IPO) contando com a migração de R$ 242 milhões das debêntures simples atrasadas – 79% do total – para debêntures conversíveis em ações. 

O restante, cerca de R$ 100 milhões, foi diretamente para o caixa da companhia para ser aplicado na operação. 

“Foi um esforço hercúleo da empresa e o resultado foi muito promissor, pois mantivemos os ativos-chave da companhia, assim como todos os parceiros e clientes,” Eric Fonseca, o novo chairman da Sequoia, disse ao Brazil Journal.

Fonseca, que também é o portfolio manager da Newfoundland, não foi a única mudança no board da Sequoia. 

A empresa disse que Marcelo Martins, sócio da Jive, e Marcelo Torresi, ex-CEO da Socopa e do Banco Paulista, também estão se juntando ao conselho. As outras duas vagas continuarão com o fundador e CEO Armando Marchesan e Sérgio Saraiva, o ex-CEO da Rappi no Brasil.

Segundo o novo chairman, não haverá mudanças na diretoria executiva. 

Agora, a Sequoia terá que convencer ao mercado que a operação vai parar de pé com a renegociação da dívida. 

No terceiro trimestre, a Sequoia reportou uma queda de 72% na receita líquida na comparação anual para R$ 147,8 milhões. O EBITDA, por sua vez, saiu de R$ 67,4 milhões positivos para uma queima de R$ 152,2 milhões.

A empresa reportou que a receita já vinha se recuperando em agosto e setembro, e Fonseca disse que o movimento se manteve no quarto tri, mas não sabe se isso representará uma alta sequencial. 

A Sequoia é uma das empresas que estrearam na Bolsa durante a pandemia, com uma performance pavorosa desde então. Desde o IPO, a empresa perdeu 97% do seu valor de mercado, e o papel negocia agora a R$ 0,38, com a empresa valendo R$ 134 milhões na B3.

No seu auge, a empresa chegou a entregar um de cada seis pedidos do e-commerce brasileiro, e sua ação chegou a negociar a R$ 30.  Em seguida vieram problemas em série: queda das vendas no varejo, aumento dos juros (que fez a dívida disparar) e a interrupção das linhas de crédito do risco sacado depois da fraude na Americanas, o que afetou diretamente o caixa da companhia.

Segundo Fonseca, além da tempestade perfeita, a empresa também apostou em linhas de negócio que estavam longe de ser uma boa ideia, como o transporte de produtos pesados, como os de linha branca e marrom.

Neste ano, a Sequoia deixou de lado a entrega desses produtos para focar em itens de até 12,5 quilos, e esta continuará sendo o foco do negócio daqui para frente.

Fonseca não enxerga uma retomada forte do varejo no ano que vem, mas prevê que a empresa conseguirá entregar resultados independentemente do cenário macroeconômico.