Santos BrasilPara o tamanho da notícia, até que foi um Fato Relevante discreto. Deveria ter sido escrito em letras garrafais, como convém anunciar, na tradição jornalística, os grandes tratados de paz e o fim das disputas étnicas.

Depois de anos se estapeando no Judiciário, nas câmaras de arbitragem, e em público pelo controle da operadora portuária Santos Brasil, o Opportunity Fund, de Daniel Dantas, e o empresário Richard Klien fumaram o cachimbo da paz na noite de ontem.

Até as cordas que amarram os navios em Santos sabem que só quem lucrou com a guerra foram os advogados de ambas as partes, agora algumas dezenas de milhões de reais mais líquidos.

Desde que a guerra societária começou em fevereiro de 2010, a Santos Brasil ficou mais pobre porque sua concorrência cresceu.

Em março, o volume de contêineres movimentado pela Santos Brasil caiu 17,8% em relação ao ano passado. No primeiro trimestre como um todo, a queda foi de 13,9%.

A fatia de mercado da Santos Brasil no Porto de Santos caiu para 44,1% em março, enquanto os concorrentes BTP e Embraport, que nem existiam há alguns anos, agora já têm, juntos, 25,1% do volume movimentado em Santos.

E, de acordo com os analistas do Itaú BBA, a coisa deve piorar assim que a BTP começar a receber navios maiores.

Nosso palpite é que, com a concorrência fazendo o antigo quase-monopólio ter que trabalhar duro, e com o terminal de contêineres da Santos Brasil precisando renovar sua concessão nos próximos anos, Dantas e Klien decidiram que é melhor trabalhar juntos para salvar o (muito) que ainda resta do negócio, antes que a concorrência se encarregue do resto.

Mas é apenas um palpite.