O Santander iniciou a cobertura da Automob — a rede de concessionárias do Grupo Simpar — com recomendação de ‘compra’ e um upside potencial de mais de 100%, projetando um crescimento robusto da empresa e ganhos de margem.
A recomendação vem seis meses depois da Automob se tornar uma empresa listada por meio de um spinoff da área de concessionárias de veículos pesados da Vamos e a fusão deste negócio com a Automob, de veículos leves.
De lá para cá, a ação desabou mais de 50% – um movimento que o relatório do banco não explica – com a empresa hoje valendo apenas R$ 420 milhões na B3.
O papel sobe mais de 5% agora à tarde, depois do relatório. O Santander colocou um preço-alvo de R$ 21; o papel negocia a R$ 11,32.
Os analistas Lucas Esteves e Lucas Barbosa disseram que a visão favorável para a companhia é baseada em cinco pilares.
O primeiro é o potencial de crescimento orgânico com a expansão do same-store sales, principalmente com o cross sell de novos produtos (como a venda de financiamentos e seguros, de serviços de manutenção e a expansão no mercado de carros usados).
O segundo pilar são as vantagens competitivas da Automob, como as “sinergias com o Grupo Simpar, a liderança no setor e as receitas diversificadas do ponto de vista geográfico, de marca e de produtos,” escreveram os analistas.
O Santander disse ainda ver espaço para uma consolidação do mercado, tanto do ponto de vista orgânico quanto com M&As. O banco nota que apesar de ser a líder do setor com 194 lojas em 12 estados, a Automob tem um market share de apenas 0,4%, considerando o mercado de veículos leves e pesados. (Em leves, o share é de 1,3%; em pesados, de 0,2%).
Essa participação de mercado “é substancialmente inferior aos 2% de market share que a companhia líder do setor tem nos Estados Unidos, a AutoNation,” escreveu o Santander. “Acreditamos que isso indica que a Automob tem espaço para consolidar mais o mercado brasileiro de concessionárias, especialmente considerando sua natureza fragmentada.”
Segundo o banco, mais de 98% do mercado brasileiro de concessionárias está nas mãos de grupos com 15 ou menos lojas, com metade deles operando apenas uma loja.
Outro pilar da tese é a expansão das margens – que virá do maior crescimento em negócios mais rentáveis, como o de financiamento e seguros, e dos ganhos de eficiência que a Automob terá ao replicar seus processos nas concessionárias adquiridas recentemente.
Nas contas do Santander, apesar de seu forte crescimento a companhia está negociando a 3,9x EV/EBITDA para 2025 e 3,7x para o ano que vem — bem abaixo da média dos peers internacionais, que negociam a 7x.