O Santander restabeleceu sua cobertura de Ambev, mudando a recomendação de ‘compra’ para ‘neutro’ e reduzindo o preço-alvo de R$ 18,50 para R$ 15.
O novo preço-alvo implica um upside potencial de 26% em relação ao preço de tela.
O banco disse que mesmo com a ação subindo 13% desde julho (acima dos 5% do Ibovespa), os desafios que a empresa enfrenta continuam a limitar um re-rating adicional da ação.
Os analistas Guilherme Palhares, Laura Hirata e Diego Marques citam as condições econômicas na Argentina, as incertezas relacionadas à tributação e um upside limitado por conta de uma reestruturação do capital como os principais fatores que prejudicam a expansão da ação.
“Acreditamos que o mercado não está precificando a extensão completa dos créditos fiscais da Ambev. Esperamos que a companhia monetize R$ 12 bilhões em créditos fiscais (7% de seu market cap). Por outro lado, continuamos vendo um líquido negativo nos impostos por conta das operações internacionais,” diz o relatório.
O Santander disse ainda que o ambiente na Argentina tem sido desafiador dado a situação fiscal e econômica do país. “Ao mesmo tempo, vemos os preços das bebidas alcóolicas na Argentina subindo abaixo do CPI, levando a uma compressão de margens,” escreveram os analistas. “Para frente, temos pouca ou nenhuma visibilidade de uma retomada desta importante região para a Ambev.”
No relatório, o Santander nota ainda que a Ambev tem hoje uma posição de caixa líquido e que os investidores têm antecipado uma reestruturação do capital dada as mudanças no ambiente regulatório relacionadas às subvenções de impostos e o juros sobre o capital próprio.
O Santander, no entanto, não espera que a Ambev anuncie dividendos extraordinários no curto prazo, “dado que ela tem a oportunidade de reduzir sua carga tributária por meio de reestruturação corporativa e monetização de créditos fiscais.”
O banco disse ainda que “o ambiente regulatório em constante mudança da região pode não ser adequado para uma decisão de se alavancar agora.”
“Além disso, um dividendo extraordinário esgotaria a capacidade de pagar juros sobre capital próprio, eliminando boa parte dos benefícios de tax shield.”
Do lado positivo, o Santander disse que o consumo de bebidas alcoólicas tem sido forte no Brasil, com a projeção do PIB crescer cerca de 3% este ano, e que os volumes para a Ambev e seus concorrentes têm crescido.
“Esse cenário construtivo tem compensado o approach mais agressiva de preços do Grupo Petrópolis,” diz o relatório.
Mas, no longo prazo, “ainda não estamos convencidos de que o consumo de cervejas será estruturalmente maior no Brasil dado a desaceleração no crescimento da população e as preocupações com a saúde.”
A Ambev vale pouco mais de R$ 200 bilhões na B3. A ação sobe 0,7% nos últimos doze meses e opera de lado hoje.