O Santander Brasil acaba de criar uma área focada em estruturar e gerir endowments, e já está atendendo dez clientes — incluindo o Patronos, da Unicamp, o Amigos da Univale, de Santa Catarina, e o Redes da Maré, voltado para a favela da Maré, no Rio.
O novo negócio é liderado por Renata Biselli, que está há três anos no Santander e antes trabalhou no private bank do JP Morgan assessorando famílias em seus esforços de filantropia.
Além dos endowments, Renata lidera as iniciativas de filantropia familiar e de ESG do Santander. Os três temas estão debaixo de um mesmo guarda-chuva: uma vertical chamada de ‘sustainable solutions’.
Os endowments — fundos patrimoniais que investem apenas o rendimento das aplicações em causas de filantropia — patinaram por décadas no Brasil.
Mas com a aprovação da lei dos endowments em 2018 e um amadurecimento do País em relação ao modelo, diversos fundos do tipo estão brotando (principalmente os ligados a universidades).
“No ano passado tínhamos apenas 2 clientes, e a meta agora é fechar o ano com mais de 20,” Renata disse ao Brazil Journal.
Segundo ela, desde a aprovação da lei, cerca de 50 universidades procuraram o Santander interessadas em entender mais sobre o assunto.
“Acho que a covid também abriu o olho de muita gente sobre a importância das doações. As pessoas viram que está todo mundo no mesmo barco,” diz ela.
O banco espanhol não é o único tentando se posicionar para o crescimento dos endowments.
Itaú, Bradesco e BTG Pactual também já estruturaram fundos patrimoniais nos últimos anos e estão aumentando os investimentos em iniciativas de assessoria à filantropia.
Mas enquanto esses bancos atendem os endowments por meio de suas áreas de gestão de recursos, o Santander é o único que criou uma área separada apenas para isso.
Renata diz que o banco trabalha com os endowments em três frentes: a estruturação da carteira de investimentos; assessoria jurídica, com a análise do melhor modelo a ser adotado; e a estratégia de captação de recursos.
“Não fazemos diretamente as pontes para a captação, mas ajudamos a definir a estratégia e a mapear com quem eles poderiam captar,” diz a executiva.
Para ajudar nesse processo, Renata também fechou uma parceria com a GetNet, que desenvolveu uma solução para facilitar as doações — pulverizando a captação para centenas de milhares de potenciais doadores.
A ferramenta permite enviar um link pelo Whatsapp ou redes sociais, onde a doação será feita com apenas um clique.
“Tínhamos parado no tempo nas doações. Até agora, tudo era feito com boleto, que é bem mais complicado e expõe bem mais o doador, já que aparece o CPF da pessoa.”
Nos EUA, só os endowments de universidades administram US$ 630 bilhões e geram um terço das receitas da Ivy League, o grupo de oito escolas de elite do país.
Hoje, a estimativa é que todos os endowments do Brasil (incluindo os não ligados à universidades, como a Fundação Bradesco) tenham cerca de R$ 50 bilhões.
Dentre os endowments de universidades, o maior é o Amigos da Poli, que foi fundado em 2010 e tem pouco mais de R$ 35 milhões sob gestão.