A Robin Hood Foundation é a maior entidade filantrópica dedicada à redução da pobreza em Nova York. Criada em 1988 pelo gestor Paul Tudor Jones, ela já investiu mais de US$ 3 bilhões em programas centrados sobretudo na mobilidade social. Só no ano passado, foram US$ 172 milhões.
A Robin Hood faz investimento social, mas com lógica de hedge fund.
Os dólares aplicados em educação e assistencialismo priorizam as soluções escaláveis e de alto impacto, que não tenham medo de inovar e correr riscos que os gestores públicos nem sempre estão dispostos a assumir.
Agora, um grupo de gestores da Faria Lima está se reunindo para criar o Instituto Ambikira – a Robin Hood da Faria Lima – a partir do trabalho que já era feito pelo Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo. A nova fundação filantrópica atraiu novos parceiros e agora conta com um total de 19 apoiadores.
“No Brasil, a maioria das organizações com o talento para o empreendedorismo social ainda tem um budget muito pequeno, com raras exceções,” disse Luis Stuhlberger, o fundador da Verde e um dos idealizadores do Ambikira. “Essas entidades têm potencial para gerar muito mais valor. Por isso, nossa ideia não é ter projetos próprios, mas ajudar quem já faz bem-feito.”
O Ambikira segue na trilha iniciada em 2003, quando surgiu o Instituto Hedging-Griffo. Stuhlberger e seus sócios na gestora decidiram criar uma fundação para organizar e potencializar as ações que eles já faziam em causas sociais.
Quatro anos depois, a HG foi comprada pelo Credit Suisse. O banco abraçou a empreitada social e a entidade passou a se chamar Instituto Credit Suisse Hedging-Griffo. Em 2015 com a fundação da Verde, a nova gestora entrou como mantenedora do instituto.
No final do ano passado, os executivos começaram a discutir o futuro do instituto e surgiu a ideia de criar uma nova entidade, não associada diretamente a nenhuma instituição financeira.
Independentemente das iniciativas próprias no terceiro setor que as empresas já realizam, o Ambikira nasce com a vocação e a meta declarada de ser o instituto de filantropia do mercado financeiro no País.
O orçamento previsto para projetos sociais este ano soma R$ 7,7 milhões, uma alta de 48% em relação ao empenhado no ano passado pelo Instituto CSHG. Serão 26 projetos apoiados, contra 21 no ano passado.
Ao contrário dos fundos de investimento mais exclusivos, o Ambikira não está fechado a novos investidores. Muito pelo contrário. Pretende atrair ainda mais apoiadores, pequenos e grandes. Basta entrar no site e fazer uma doação.
“Queremos colocar essa filosofia à disposição de quem quiser fazer filantropia de maneira profissional”, disse José Olympio Pereira, o ex-CEO do Credit Suisse e conselheiro do Ambikira. “A satisfação maior não deve ocorrer quando doamos o dinheiro, mas quando vemos os resultados.”
Tentando reduzir a desigualdade de oportunidades, o Ambikira seleciona projetos com potencial de oferecer soluções para as maiores mazelas sociais do País – sobretudo na educação, área para a qual é destinada a maior parte dos recursos empenhados. O instituto apoia desde estudantes do ensino básico até bolsas para alunos de ensino superior.
Arminio Fraga conta que quando trabalhava em Nova York, nos anos 90, viu a Robin Hood ganhar relevância em suas ações. “Foi quando ela decolou e trouxe esse movimento, com excelentes resultados, de trazer eficiência para o terceiro setor,” disse o ex-presidente do BC e sócio da Gávea Investimentos.
Em um País com uma “trajetória difícil, desenvolvimento lento e muita desigualdade, precisamos dar exemplo,” afirmou Arminio. “O projeto, como está sendo construído, vai ganhar mais peso. É uma boa receita.”
Rogério Xavier, da SPX, acha importante dar mais visibilidade para as boas iniciativas. “Normalmente somos um pouco envergonhados em falar de nossas ações de filantropia. Mas divulgar pode incentivar mais gente a fazer o mesmo. Nunca será o mesmo diante das necessidades de nosso País, mas sabemos que estamos fazendo a nossa parte,” disse o gestor.
A diretora do Ambikira, Isabel Pillar, disse que o instituto nasce de um ponto de partida elevado graças ao aprendizado obtido ao longo dos anos pelo Instituto CSHG. Em quase duas décadas foram investidos R$ 70 milhões, com o apoio de 200 organizações sociais e 700 mil pessoas impactadas.
“Em tupi, Ambikira significa rebento que dá frutos,” afirmou Isabel. “É um conceito muito ligado àquilo que a gente acredita, de dar oportunidade. Todo o indivíduo tem um potencial enorme de desenvolvimento. A gente só precisa dar acesso a instrumentos para isso acontecer, como a educação básica de qualidade.”
Apoiadores do Ambikira:
Base, Credit Suisse, Dahlia, Gávea, Hedge, Ibiuna, Jive, JGP, Legacy, Miles, ModalMais, Neo, RPS, SPX Capital, Truxt, Verde, VELT e Vinland Capital.
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