A SLC Agrícola está monetizando duas de suas fazendas, numa transação que vai injetar R$ 700 milhões no caixa da companhia e atrair outros R$ 300 milhões para investir em projetos de irrigação nas terras. 

A transação foi estruturada como uma joint venture com um investidor financeiro internacional. Inicialmente, a companhia da família Logemann vai alocar uma de suas fazendas nessa JV em troca de um investimento de R$ 1 bilhão.

A JV será controlada pela SLC, que terá 50,01% do capital. Para fazer o investimento, o investidor internacional constituiu um FIP administrado pelo BTG Pactual.

10 31 Eduardo Logemann okA fazenda a ser aportada na JV tem cerca de 25 mil hectares e fica na Bahia, na região do Matopiba, que abrange também os estados do Maranhão, Piauí e Tocantins e é uma nova fronteira agrícola do Brasil. 

Boa parte do R$ 1 bilhão que foi investido na JV (cerca de 70%) será usado para comprar uma segunda fazenda da SLC, também na Bahia e com 21 mil hectares.

Os R$ 300 milhões restantes serão investidos em infraestrutura de irrigação nessas duas fazendas, com o objetivo de aumentar a produtividade das terras. 

Como parte do acordo, a SLC vai manter a operação dessas duas fazendas pelos próximos 18 anos, pagando à JV um percentual da receita que ganhar com a produção. 

A operação “é mais um movimento da SLC para desmobilizar seus ativos e focar em seu core business, que é a operação agrícola, liberando recursos para investir na produtividade,” uma fonte próxima à empresa disse ao Brazil Journal. “Além disso, eles estão inaugurando um formato de negócio [a joint venture] que pode ser replicado no futuro em outras transações.”

A SLC tem 830 mil hectares de terras plantadas, com cerca de dois terços arrendadas e o restante terras próprias. 

Os recursos que vão entrar no caixa devem ajudar a reduzir a alavancagem da SLC, que fechou o segundo tri em 2,33x EBITDA. O capital também pode ser usado para o plano de irrigação que a empresa anunciou em julho. 

Na época, a SLC disse que queria crescer suas áreas irrigadas em 33,7 mil hectares nos próximos cinco anos, chegando a 53,1 mil — um aumento de 231% em relação à área atual.

Para isso, a SLC estima investir R$ 900 milhões em projetos de irrigação, e a JV deve ser um passo significativo nesse sentido.

A estimativa da companhia é que o retorno desses investimentos seja relevante, com a irrigação gerando um ganho adicional de R$ 6 mil a R$ 7 mil por hectare a cada safra. 

A SLC foi assessorada pelo BTG Pactual e pelo Pinheiro Neto.

O investidor financeiro não teve assessor.

A SLC vale R$ 7,13 bilhões na B3.