A compra da Activision pela Microsoft escancarou o potencial do mercado de games – um setor com muito crescimento e que não conhece crise.
Mas dentro desse mercado, há um nicho que está bombando ainda mais – mas que ainda não recebe muita atenção fora das rodas de conversa dos ‘cripto nerds’: os chamados jogos NFT.
Basicamente, esses jogos são criados em cima de tokens e non-fungible tokens (NFTs). Seu grande atrativo é que eles permitem aos jogadores ‘play-to-earn,’ ou seja, ganhar dinheiro enquanto jogam.
Para jogar, os usuários precisam comprar os tokens do game e fazer um investimento inicial para comprar seu avatar (que é uma NFT). A cada vitória, o jogador ganha outros tokens, além de poder vender sua NFT com lucro se o interesse pelo jogo aumentar e o token se valorizar.
Agora, um grupo de programadores brasileiros quer entrar na festa: eles acabam de lançar o Mafagafo, um jogo NFT baseado num token chamado MAFA e que já atraiu cerca de 60 mil jogadores.
Para escalar o joguinho, a startup acaba de levantar seed money com a Bossa Nova Investimentos, a gestora de early stage de João Kepler.
O game foi desenvolvido ao longo dos últimos quatro meses e tem uma premissa relativamente simples.
“São personagens divertidos, curiosos e que competem em vários jogos dentro de uma ilha,” Davi Braga, um dos sócios do jogo e filho de Kepler, disse ao Brazil Journal.
O Mafagafo está operando em versão beta; o lançamento oficial do jogo deve acontecer em março. Na semana passada, a startup lançou a loja onde os jogadores compram as NFTs (os Mafagafos).
Davi fundou sua primeira startup aos 14 anos: era um marketplace de produtos escolares chamado List-it, vendido para um concorrente alguns anos depois. O empreendedorismo precoce lhe rendeu fama: hoje com 20 anos, o alagoano tem mais de 500 mil seguidores no Instagram, onde divulga seu novo jogo.
A audiência do Mafagafo ainda é pequena para os padrões mundiais: os jogos NFT mais populares são o Axie Infinity, com 2 milhões de jogadores, e o BombCrypto, com cerca de 800 mil.
O Mafagafo também não é o único jogo NFT brasileiro. Há projetos como o Heroes of Metaverse e o Evoverse, que tem o ator Caio Castro entre seus investidores.
Mas o Mafa parece ser o mais estruturado até agora. O jogo é o único que já atingiu um valor de mercado suficiente para ser listado no CoinMarketCap, uma plataforma de listagem de tokens. Hoje, cada MAFA está cotado a R$ 1,57, o que dá ao token um valor de mercado de cerca de R$ 1,5 bilhão.
O Mafagafo está tentando se diferenciar dos jogos que existem no mercado com uma proposta óbvia.
“A maioria dos jogos NFT focam apenas em dar o retorno financeiro para os jogadores, mas não são divertidos. Então o jogador entra, consegue o retorno dele e depois pula para outro,” disse Davi. “A gente está focando num tripé: criar um jogo divertido, colecionável e lucrativo. Ele sendo divertido as pessoas vão querer jogar mais e vamos ter uma retenção maior, o que é fundamental para a sustentabilidade.”
A receita da empresa vem basicamente das taxas: toda vez que alguém compra, vende ou transfere um MAFA para alguém, a startup fica com um fee.
A startup emitiu 1 bilhão de tokens, e separou 30% disso para dar as recompensas do ‘play-to-earn’. A visão dos fundadores é usar esses 300 milhões de tokens como uma espécie de impulsionador do jogo no início, enquanto ele ainda não é muito conhecido.
Daqui 5 ou 10 anos, quando esses tokens acabarem, a expectativa é que o Mafagafo já tenha uma base robusta de jogadores, que gerem uma receita suficiente para que a empresa consiga continuar financiando as recompensas do ‘play-to-earn’.
Os brasileiros estão entrando num mercado competitivo e que já fez diversas vítimas nos últimos meses.
A cada novo jogo NFT que surge, um outro deixa de operar.
Isso sem falar nos scams – grupos que criam e divulgam seus jogos NFT apenas para atrair investidores, e sem ter um projeto estruturado de empresa como o Mafagafo. Depois que os tokens se valorizam, os programadores desses jogos scams vendem tudo, abandonam o jogo e deixam os jogadores sem dinheiro – e muito sem graça.