Mesmo em um trimestre com vários efeitos sazonais negativos, a JHSF reportou mais um resultado acima das expectativas do mercado.
Puxada pelos negócios de renda recorrente, a receita bruta chegou a R$ 440 milhões, uma alta de 37% ano contra ano. O consenso apontava R$ 390 milhões.
Outras linhas superaram ainda mais as expectativas dos analistas. O EBITDA ajustado subiu 61% e chegou a R$ 198 milhões – um número 32% maior do que o esperado pelo mercado.
Parte da alta é explicada pela operação de shoppings, que cresceu a receita líquida em 20% para R$ 87,5 milhões. O grande destaque foi o Cidade Jardim, que teve um aumento de 25% nas vendas.
O CEO Augusto Martins disse ao Brazil Journal que esperava um resultado positivo, mas que o número do Cidade Jardim foi acima do previsto.
“Crescer um quarto em uma operação madura como é o Shopping Cidade Jardim, que tem quase 20 anos e 100% de ocupação, é algo muito forte,” disse ele.
(Confira no vídeo abaixo a visão de longo prazo de Augusto para a JHSF e o mercado de luxo)
Um exemplo desse bom momento é a joalheria Van Cleef & Arpels, que abriu uma flagship no Cidade Jardim no fim do ano passado.
“A Van Cleef encerrou sua loja em um shopping concorrente para abrir no nosso e hoje tem um crescimento de venda superior a 50% do que apresentava na sua loja antiga,” disse o CEO.
No trimestre, o bottom line da JHSF disparou 139% na comparação anual para R$ 340 milhões. O lucro líquido também foi impulsionado pela reavaliação de ativos, como shoppings e imóveis para locação.
Sem esses efeitos, o lucro seria de R$ 72,3 milhões – alta de 41% em relação ao ano passado.
A área de hospedagem e gastronomia – que compreende os hotéis e restaurantes Fasano – ultrapassou pela primeira vez num primeiro tri os R$ 100 milhões de receita (com uma alta de 23%).
Nessa vertical, a companhia acaba de anunciar que vai abrir o seu quinto hotel fora do País (sendo o segundo no Uruguai).
O Fasano Beach Club Hotel terá 20 quartos e ficará na praia de La Barra, em Punta del Este.
“Vai ser um hotel asset light em que operamos o projeto, assim como é em Cascais, Londres e Sardenha,” disse Martins, que prevê 20 operações fora do Brasil nos próximos anos.
Outro destaque do trimestre foi a operação do Aeroporto Catarina. O volume de pousos e decolagens cresceu 48,6% no primeiro tri na comparação anual, enquanto a receita subiu 33% e o EBITDA aumentou 49%.
“Estamos operando com 100% de capacidade, mas já em expansão do 12º para o 16º hangar, e temos muita área disponível para crescer,” disse o CEO.
A vertical de residences & clubs, por sua vez, cresceu 148% e chegou a R$ 55,3 milhões de receita. A margem EBITDA foi de 86,2%.
Com esses resultados, os negócios de renda recorrente chegaram a 74% do faturamento da JHSF, acima dos 66% projetados por Martins quando assumiu o cargo de CEO no ano passado.
“E chegamos a essa participação mesmo com um resultado forte em incorporação,” disse ele.
Mesmo com uma política conservadora de vendas para não reduzir as margens, a receita bruta de incorporação cresceu 43%, chegando a R$ 97,5 milhões.
Segundo Mara Boaventura Dias, a diretora de RI da JHSF, a empresa seguirá preferindo “preservar margem do que vender rápido com desconto”.
“Vemos muitos concorrentes espremendo margem para mostrar volume, mas nós cadenciamos,” disse ela.
Apesar da ação da JHSF apresentar uma recuperação forte desde janeiro, a empresa ainda está distante do seu high histórico. Martins disse que está tentando mudar isso conversando com analistas e gestores para mostrar o quanto o portfólio da companhia é diversificado e defensivo.
A ação da JHSF sobe 15% nos últimos 12 meses. A empresa vale R$ 3,3 bilhões na Bolsa.