Com meses de atraso – e em meio a especulações de que poderia estar tendo dificuldades para manter sua liderança na corrida da inteligência artificial –, a OpenAI lançou hoje o GPT-5.
O novo modelo de linguagem do ChatGPT entrega resultados mais calibrados ao escolher automaticamente quando oferecer respostas rápidas e quando ‘pensar’ mais a fundo.
Segundo a OpenAI, o novo modelo reduz os riscos de respostas imprecisas ou totalmente fora de contexto. A empresa gastou “milhares de horas” para compreender como evitar as chamadas “alucinações” e falhas de segurança.
“O GPT-3 era como conversar com um aluno do colegial. Talvez você obtivesse uma resposta correta, mas talvez saísse algo maluco,” disse Altman. “O GPT-4 era mais próximo de uma conversa com um estudante universitário. Com o GPT-5, pela primeira vez, a sensação é de mantermos uma conversa com um especialista de nível PhD.”
Segundo Altman, o GPT-5 deixa a OpenAI mais perto da ‘superinteligência artificial’ – conhecida como general artificial intelligence (GenAI) ou artificial general intelligence (AGI).
“Odeio o termo AGI porque cada um usa ele de uma maneira,” afirmou. “Mas [o GPT-5] é um passo significativo nessa direção. Esse é um modelo que é claramente generally intelligent.”
De acordo com o próprio Altman, ainda “falta algo importante” para superar a mente humana.
O GPT-5 “não é um modelo que aprende continuamente a partir das coisas novas que ele descobre – o que, para mim, deve fazer parte da AGI,” afirmou.
A versão anterior era capaz de dar respostas a respeito de temas diversos, mas o GPT-5 – como outros modelos avançados – agora pode realizar tarefas rotineiras para os seus usuários e até mesmo gerar aplicativos.
A despeito de o ChatGPT ser o mais popular bot de AI, seu modelo vinha sendo superado nos últimos meses pela concorrência. Agora a OpenAI volta a ficar no topo entre os principais indicadores usados nos comparativos – entre eles, a habilidade em fazer código de programação.
No teste SWE, que avalia a capacidade de sistemas de AI realizarem tarefas de programação, o GPT-5 atingiu um score de 74,9% de acerto, contra 74,5% do modelo mais avançado da Anthropic e 59,6% do Gemini 2.5 Pro, da Google DeepMind.
No Humanity’s Last Exam, um teste concebido para medir o desempenho das máquinas em questões de matemática, ciências e humanidades, o GPT-5 Pro chegou a 42%, contra 44,4% do Grok 4 Heavy.
Isso significa que os modelos estão se aproximando do limiar de 50% que os colocará acima de humanos especialistas nesses temas.
Os resultados, contudo, foram recebidos como uma evolução incremental – não entregando o salto esperado por alguns analistas e gestores.
“A OpenAI enfatizou muito a redução nas alucinações, o que, para quem usa o ChatGPT no dia a dia, é algo importante,” disse Leonardo Otero, da Abor Capital. “Mas no geral foi um pouco decepcionante, ante as expectativas gigantes em relação à empresa.”
Criada em dezembro de 2015 como uma empresa sem fins lucrativos, a OpenAI é hoje uma das startups mais valiosas do planeta.
Na última rodada, em abril, ela atraiu US$ 40 bilhões em dinheiro novo, numa injeção de capital liderada pelo SoftBank. O valuation da empresa foi estimado em US$ 300 bilhões.
De acordo com a Bloomberg, a empresa mantém conversas iniciais para captar financiamento adicional, dessa vez a um valuation de US$ 500 bilhões. Segundo o Wall Street Journal, a rodada está sendo liderada pela Thrive Capital.
O ChatGPT continua ganhando adeptos velozmente. Em março, tinha 500 milhões de usuários ativos. Agora já são 700 milhões.
A ferramenta entrega 3 bilhões de respostas por dia a perguntas e instruções de seus usuários.
A receita – que superou US$ 10 bilhões nos 12 meses encerrados em junho – vem essencialmente dos assinantes pagos e serviços corporativos. São 5 milhões de assinantes empresariais.
A enorme popularidade do ChatGPT, entretanto, ainda não se transformou em lucros – embora a empresa não divulgue os números do prejuízo.
A OpenAI queima mensalmente milhões e milhões de dólares no desenvolvimento de seus modelos de AI e na construção de data centers.