Depois da ação da Renner cair 23% nos últimos dois meses, o Citi está elevando sua recomendação para o papel de ‘neutro’ para ‘compra’.

O banco disse que apesar de continuar atento a temas estruturais — como o crescimento de médio prazo da empresa, a competição e a taxação do setor — o pior já parece ter ficado para trás. 

O analista João Pedro Soares disse que a base de comparação no segundo semestre vai ser mais fácil que no primeiro; que a empresa deve entregar reduções de SG&A e menores despesas com o rampup do CD de Cabreúva (que hoje está em 60% de capacidade); e que o negócio de crédito está próximo de um ponto de inflexão. 

O analista nota ainda que a ação está negociando a 12,4x o lucro estimado para o ano que vem, em comparação a média de 22x nos últimos três anos e de 24x nos últimos cinco anos. 

“Na nossa visão, esse é um bom risco-retorno para uma empresa de alta qualidade com uma boa liquidez,” escreveu o analista. 

Segundo ele, os desafios da Renner persistem, começando pelo baixo crescimento no médio prazo. O Citi estima que a empresa vai crescer numa média de 10% ao ano nos próximos cinco anos, em comparação a 15% nos 10 anos pré-pandemia.

“Isso reflete nossa visão de que a Renner praticamente já ocupou todas as localizações premium de shoppings,” escreveu o analista. 

Para ele, a competição também não deve melhorar, já que as empresas asiáticas estão investindo mais no Brasil e a H&M já disse que vai entrar no País em 2025; e a taxação também deve piorar para as companhias que se beneficiam hoje de programas do Governo, como créditos fiscais e o juros sobre capital próprio. 

Nessa frente, “o ‘upside risk’ poderia vir do Governo potencialmente retomar a taxação cross-border,” diz o relatório. 

Apesar desse desafios, o Citi acredita que os resultados da Renner já devem começar a melhorar no próximo trimestre — o banco estima um crescimento de same store sales de 7% no terceiro tri e de 16% no quarto tri. Isso, em conjunto com a redução das despesas, deve levar a uma expansão importante da margem EBITDA da companhia. 

O preço-alvo do Citi para a ação é de R$ 24, um upside potencial de 35% em relação ao preço de tela.

A Renner vale R$ 17 bilhões na B3.