Com a Netflix, Amazon, HBO e Apple competindo por conteúdo, Tom Brady viu que a bola estava na marca do pênalti e resolveu chutar pro gol.

11069 38532351 f2a5 49f4 9da4 776ead38fc31Ok: metáfora e esporte errados, but you get the point.

Brady, mais conhecido por aqui como ‘o marido da Gisele’, se associou a Michael Strahan, um ex-jogador do New York Giants e apresentador do Good Morning America, e ao cineasta Gotham Chopra, filho do escritor e médico Deepak Chopra, para criar a Religion of Sports, uma produtora de documentários sobre esportes.

A startup começou a nascer em 2014 com uma série de televisão homônima na DirecTV Now. O programa fez sucesso, e os fundadores enxergaram um filão.

De lá para cá, a Religion já lançou nove produções como a série “Tom vs. Time”, um documentário de seis episódios que ganhou o Emmy mostrando a vida e carreira de Tom Brady e sua relação com a idade; “Shut up and Dribble”, sobre os bastidores da NBA; e “Greatness Code”, que traz histórias inéditas dos maiores atletas do mundo e estreou ontem na Apple TV+

A Religion acaba de fechar uma rodada Series A de US$ 10 milhões a um valuation post-money de US$ 40 milhões. 

A captação foi liderada pelo Elysian Park Ventures, um veículo de investimentos conjunto do Barcelona, LA Dodgers e Golden State Warriors, que botou US$ 4 milhões. O grupo de fundadores, que colocou outros US$ 4 milhões, inclui a Advancit Capital, uma companhia de investimentos de Shari Redstone, a herdeira da Viacom.

Um grupo de 25 investidores brasileiros participaram com 20% da rodada, incluindo a empresária Daniela Klabin Basilio; três ex-sócios da XP; diversos atletas brasileiros; Felipe Andreoli, hoje apresentador do Globo Esporte; Marcelo Franco, o empreendedor que vendeu o ecommerce de cosméticos Saks para a LVMH e hoje CEO da Verve Capital; e Alexandre Icaza, fundador da i5, uma holding de ativos digitais. 

A ponte entre os brasileiros e a Religion foi a LinkinFirm, a empresa de agenciamento de atletas de Márcio Torres, um ex-jogador profissional de tênis com um extenso networking no mundo dos esportes.

Depois de jogar por 12 anos e chegar aos Top 100 do mundo, Márcio pendurou a raquete. Hoje, representa 9 entre 10 tenistas brasileiros, além de Mineirinho do Surf, Nelsinho Piquet, e Bob e Mike Bryan, os irmãos que formam a dupla mais vitoriosa do tênis mundial.

11070 eed53baa d1ac f3ea fc02 9527aaf92df2A entrada dos brasileiros é estratégica para a Religion. A startup quer começar a produzir documentários sobre futebol, automobilismo e tênis com atletas de outros países — entre eles o Brasil — e pretende conversar com nomes como Ronaldo ‘Fenômeno’, Zico, Guga Kuerten e Daniel Alves.

Além dos documentários, a produtora também está entrando no mercado de publicidade. Depois de fazer uma campanha para a Under Armor, a companhia conseguiu contratos com Nike, Adidas, P&G e Amazon.  As peças já estão em produção.

Os atletas-empreendedores da Religion não são os únicos tentando monetizar a demanda por conteúdo que explodiu na era do streaming.

LeBron James acaba de levantar US$ 100 milhões para criar uma nova produtora, a Springhill Co., que vai entregar “storytelling do nível da Disney, ‘coolness’ padrão Nike e o impacto social da Patagonia,” como o próprio LeBron disse à Bloomberg.

Investidores incluem a Guggenheim Partners, UC Investments, e empresa de conteúdo de Elisabeth Murdoch, a segunda filha de Rupert.  (Elisabeth e Serena Williams estão entrando para o board.)

 
A Springhill consolida outros negócios que LeBron já possuía: uma agência de marketing chamada Robot Co. e duas produtoras, a Uninterrupted e a SpringHill Entertainment.

Batizada com o mesmo nome do prédio de classe média baixa onde LeBron morou quando criança, a SpringHill tem uma agenda ativista. LeBron e seu sócio e amigo de infância, Maverick Carter, querem dar voz a criadores e consumidores de conteúdo que fazem parte de minorias e se sentem esquecidos ou usados pelos produtores tradicionais. (Foi a SpringHill que produziu ‘Self Made’, a série sobre a primeira milionária negra americana, Madam CJ Walker, que resenhamos aqui.)

Na Religion, Márcio diz que “em 3 ou 4 anos, uma provável saída seria uma venda da empresa para uma das plataformas de streaming, já que temos os direitos intelectuais de todas as produções. Para elas, faria todo o sentido.”