A Rede Decisão — um grupo de educação básica dono de 12 escolas — está conversando com investidores para uma rodada de entre R$ 40 milhões e R$ 80 milhões em troca de 15% a 25% da empresa.
A companhia está em conversas iniciais com family offices, fundos de private equity e investidores estratégicos. Os recursos serão usados para aquisições, projetos greenfield e investimentos em tecnologia.
A Decisão já tem opções de compra de seis escolas que, se exercidas, aumentarão seu faturamento em 50%, o CEO Gabriel Alves disse ao Brazil Journal.
A pandemia está criando oportunidades de consolidação.
“As escolas boas continuam gerando caixa e indo bem, mas os donos estão cansados,” diz Gabriel. “Tiveram muita dor de cabeça com a pandemia e não querem mais tocar o negócio. Nos últimos meses, recebi muitas ligações de escolas querendo vender.”
Com 6,5 mil alunos, a Decisão opera nas cidades de São Paulo e Belo Horizonte e trabalha com mensalidades que vão de R$ 500 a R$ 900.
Apesar deste segmento ‘low cost’ ter uma margem menor que escolas mais premium, a Decisão está praticamente sozinha no nicho, e não bate de frente com players como o Grupo SEB, de Chaim Zaher, e a Bahema Educação.
Os concorrentes são basicamente algumas bandeiras da Eleva (Pense e Elite, ambas com presença mais forte no Rio) e pequenas escolas independentes.
Mas a rodada vai permitir à Decisão lançar uma nova marca para entrar num segmento mais premium (mensalidades de R$ 900 a R$ 1.200) e se expandir para o interior de São Paulo.
O mercado de educação básica (k-12, no jargão do setor) ainda é extremamente pulverizado. Os dez maiores players do setor — incluindo Grupo SEB, Eleva, Objetivo, Positivo e Bahema — não tem sequer 5% de market share. A Decisão tem 0,1%; o Grupo SEB, o maior, 1,1%.
Fundada em 1984, a Decisão nasceu da cabeça de Regina Alves, mãe de Gabriel, que aos 20 anos abriu uma pequena escola de ensino infantil no Jardim Prudência, na Zona Sul de São Paulo. Em 2015, quando Gabriel assumiu o negócio, a Decisão ainda tinha apenas uma escola, que havia expandido para o ensino fundamental e médio.
De lá para cá, o grupo foi um dos precursores da consolidação do segmento ‘low cost’: fez 9 aquisições e construiu outras duas escolas do zero — tipicamente financiando as compras com dívidas que são quitadas com a geração de caixa do próprio ativo. A companhia tem dado uma aula de M&A: o faturamento das escolas adquiridas teve um aumento médio de 12%, enquanto os custos operacionais viram uma redução média de 8%.
Nos últimos cinco anos, a Decisão deixou de ser uma empresa familiar e construiu um management capaz de escalar o negócio: o CFO Nelson Honda tem background em private equity no setor de educação; o diretor de expansão e M&A, Rafael Camacho, foi analista e gestor na Victoire, de onde também vem o COO Danilo Fujihara. O CTO é Edson Júnior, que fundou uma empresa de software para escolas, e o CMO é Murilo Loureiro, um ex-McKinsey com passagens pela Amazon e Cogna.
A Decisão espera concluir a rodada até fevereiro. O processo competitivo está sendo coordenado pelo Stocche Forbes Advogados e por Rogério Penalva, um assessor independente.