O Bradesco BBI elevou sua recomendação para a Intelbras de ‘neutro’ para ‘compra’ e disse que o valuation está tão barato que qualquer melhora marginal nos resultados ou guidance positivo pode disparar uma recuperação.
Nas contas do Bradesco, a Intelbras negocia a 7,2x seu lucro estimado para este ano e 6x o lucro estimado para 2026, em comparação a uma média histórica de 12x. O FCF yield (o fluxo de caixa livre dividido pelo valor de mercado) projetado pelo banco é de 13,3%.
Apesar do upgrade, o banco reduziu o preço-alvo de R$ 22 por ação para R$ 17 pelo maior cost of equity (que saiu de 15% para 16%) e por conta de uma margem EBITDA estrutural mais conservadora (que foi ajustada no modelo de 13,5% para 12%).
O novo preço-alvo implica um upside potencial de 36% em relação ao preço de tela.
O relatório do Bradesco vem depois da ação da Intelbras cair 26% desde novembro, quando publicou seu resultado do terceiro tri.
“O aumento de 1 ponto percentual nas taxas reais livres de risco no período justifica apenas uma queda de 10%. Portanto, acreditamos que boa parte da queda da ação pode estar relacionada a preocupações sobre o impacto de um real mais fraco na margem EBITDA da companhia, já que seus custos são basicamente em dólar,” escreveram os analistas Daniel Federle e Camila Koga.
Para eles, ainda que os resultados de curto prazo de fato possam ser afetados pela depreciação rápida do real, “o impacto do câmbio nas margens estruturais é limitado.”
“Os concorrentes enfrentam o mesmo problema, então os custos mais altos eventualmente serão repassados ao consumidor.”
Para o Bradesco, uma evidência disso é que a margem EBITDA anual da Intelbras tem permanecido em ‘low double-digits’ desde 2011, quando cada dólar valia R$ 1,50.
Os analistas disseram ainda que as vantagens competitivas da Intelbras continuam intactas, apesar do ambiente macro difícil. “Sua marca forte, junto com uma rede de distribuição extensa e leal, devem continuar apoiando a habilidade histórica da companhia de sustentar um crescimento robusto e uma rentabilidade saudável em diversos cenários de câmbio e crescimento do PIB.”
Nos últimos 15 anos, a Intelbras cresceu sua receita numa média de 10% ao ano, em termos reais, ao mesmo tempo em que manteve sua margem EBITDA em ‘low double-digits’ e um ROE de cerca de 20%.
A Intelbras vale R$ 4,1 bilhões na Bolsa. A ação da empresa sobe 1,3% no final da manhã, com o papel negociando a R$ 12,71.